Nova forma de cura
Pesquisa desenvolve tratamento inovador para pacientes com tumor urotelial, que acomete a região da bexiga
A- A A+Um estudo recente resultou em um tratamento inovador capaz de preservar o rim em casos de tumor urotelial do trato superior (região da bexiga). A nova terapia, agora, também está sendo avaliada para tumores de próstata, esôfago, pâncreas e pulmão.
A pesquisa feita pelo Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova Iorque, tem como um dos responsáveis o urologista brasileiro Lucas Nogueira. A primeira fase do estudo revelou a eficácia da terapia fotodinâmica na eliminação do tumor em até duas sessões.
A substância usada nesse procedimento, chamada de “padeliporfina”, provoca uma falta de oxigenação local e estimula o sistema imunológico no combate ao câncer. “É como se ocorresse um infarto naquela região. O tumor necrosa e desaparece em um período de até 30 dias”, explica Nogueira.
O procedimento é rápido, dura cerca de 20 minutos, e o paciente é liberado para ir para casa na sequência apenas com as recomendações de se manter hidratado e de evitar exposição ao sol. “A substância injetada na corrente sanguínea é fotossensível e permanece ativa por cerca de 30 minutos a uma hora, mas recomendamos não se expor ao sol por 24 horas. A hidratação ajuda na eliminação mais rápida da padeliporfina pela urina”, afirma o médico.
Nogueira diz que, normalmente, os pacientes com esse tipo de câncer passam por quimioterapia, e é importante ter a função renal preservada. No entanto, o que acaba acontecendo em muitos casos é a retirada do órgão para evitar a progressão do tumor. “Esse resultado é uma esperança muito grande para o paciente, que, hoje, se vê sem uma alternativa eficaz para a manutenção do rim”, salienta.
Etapas
A fase 1 do estudo foi desenvolvida com 16 pacientes e mostrou que o tumor não foi mais detectado após 30 dias em 64% dos casos. Quase 30% dos pacientes fizeram a segunda sessão. Um ano depois, 93% deles mantiveram o rim que havia sido afetado pelo câncer.
Devido ao resultado positivo, a fase 2 não será necessária. Em abril próximo, os pesquisadores já iniciarão a fase 3 com cem pacientes. Somente depois disso é que o estudo será avaliado pela Food and Drug Administration, entidade americana que regula a comercialização de produtos alimentícios e farmacêuticos, incluindo os procedimentos médicos.
Incidência
O câncer urotelial de trato alto é duas vezes mais comum em homens a partir dos 60 anos. Segundo o urologista Lucas Nogueira, existem fatores de risco, como tabagismo, histórico de câncer de bexiga, exposição a agente químico e ser portador da síndrome de Lynch (uma alteração genética que aumenta o risco de desenvolvimento de tumores no cólon e no reto).
Entre os principais sintomas estão aumento da frequência urinária, dor ao urinar e sangue na urina. Nogueira alerta, contudo, que esse tipo de câncer costuma ser assintomático, de difícil diagnóstico e, geralmente, é descoberto já em estado avançado. (Com a Agência Brasil)
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