Novo currículo para condutores
Formação
A- A A+Observatório Nacional de Segurança Viária apresenta novas condutas no trânsito para departamentos de trânsitos de todo o país
No fim de outubro, em Brasília, na Câmara dos Deputados, durante um evento da Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro, representantes do Observatório Nacional de Segurança Viária apresentaram uma nova proposta para a formação teórica dos motoristas de veículos e de motocicletas. A iniciativa consiste em um novo currículo, com um novo referencial teórico, para os instrutores de Centros de Formação de Condutores (CFCs) trabalharem na formação de jovens condutores. Representantes da Associação Nacional dos Detrans (ANDs) e deputados federais participaram do evento.
O diretor-técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária, Paulo Guimarães, explica que essa será uma nova forma de abordar a formação do condutor. Segundo ele, toda a discussão que houve, em um passado mais recente, sobre a formação de condutores exacerbava a carga horária que os alunos deveriam cumprir no processo de formação. “Com o novo projeto, diferentemente, está se vislumbrando o futuro para se saber qual é o perfil do condutor. Isso porque o Brasil precisa ter melhoras nos índices de segurança, na redução de acidentes e em demais fatores que envolvem a segurança viária. Identificando-se o perfil do condutor, há um avanço na identificação do conteúdo necessário para se atingir o perfil do motorista”, avalia Guimarães.
Para ele, com a definição desse conteúdo, é possível dar mais um passo para se estabelecer a metodologia pedagógica que precisa ser empregada. “Somente depois da maturidade desse entendimento é que a gente começa a discutir a questão da carga horária. Esse é um processo que cumpre etapas. Não olhamos somente para as informações que estão sendo ministradas, mas, também, para a situação do instrutor nesse processo de formação e para o Centro de Formação de Condutores que, hoje, aproxima-se muito mais de um comércio do que de uma instituição de ensino”, reflete.
MÉTODO
A metodologia proposta pelo Observatório também enxerga o sistema como um todo: as políticas nacionais de trânsito, a sociedade e as questões culturais do Brasil. “É um olhar muito mais amplo do que o processo de formação propriamente dito. Este é um grande diferencial desse trabalho: analisar tudo o que interfere no processo".
Para produzir o material, a equipe do Observatório Nacional de Segurança Viária reuniu todos os conteúdos e assuntos relacionados à tarefa de condução, distribuiu-os dentro de uma carga horária específica por aula, com um número de horas para legislação de trânsito, outras horas para primeiros socorros e assim por diante.
Depois disso, reagrupou-se todo o conteúdo por temas. Por exemplo, a velocidade é um assunto que está sendo trabalhado dentro de uma diretriz pedagógica. O projeto tem 70 matrizes pedagógicas na readequação da formação dos condutores. Para cada uma dessas, o Observatório identifica todos os procedimentos e conteúdos, além das formas de abordagem, do ponto de vista pedagógico, nas três principais fases de aprendizado: formações teórica, pré-prática (os simuladores) e prática, que é a tarefa de conduzir um veículo ou uma motocicleta real. O conceito de matriz pedagógica está gerando um grande banco de conteúdo, e, a partir daí, a equipe vai trabalhar com a formação dos instrutores
a fim de que estejam capacitados na nova metodologia.
CONTEXTO
De acordo com o diretor-técnico do Observatório, o novo currículo dos condutores surgiu a partir de audiências públicas de que a instituição participou, em 2013, em Brasília, sobre a formação do condutor. Na época, o Observatório foi responsável por coordenar um grupo de pesquisa. “No fim desse ano e ao longo de 2014, tivemos um trabalho muito denso, com diagnóstico e o estabelecimento
de metodologia para que pudéssemos produzir esses materiais”, conta.
Concluindo, Guimarães enfatiza que o objetivo do Observatório, ou pelo menos a tentativa, enquanto entidade não governamental, é reunir entidades e pessoas, tanto da sociedade civil, quanto do poder público ou da iniciativa privada, para fazer um processo democrático de revisão da formação do condutor. “Não basta trabalhar, por exemplo, impondo novas leis. Precisamos ter essa discussão com a sociedade para que a população entenda que ela faz parte da solução. O que significa isso na prática? Não basta a gente ter um bom processo de formação de condutores se a sociedade não se conscientiza disso", salienta.
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