Novo normal, velhos hábitos

A pandemia da Covid-19 trouxe muitas mudanças para a vida dos brasileiros, mas a cervejinha do fim de semana não foi afetada. Em vez disso, o consumo de álcool aumentou no país.

Saúde / 05 de Maio de 2022 / 0 Comentários
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Aquela cervejinha com os amigos na sexta-feira ficou restrita durante a pandemia, mas a mudança de hábito imposta pela propagação do novo coronavírus não foi suficiente para reduzir o consumo de álcool no Brasil. Pelo contrário: ele aumentou mais de 17% entre 2020 e 2022.

Segundo o Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig), 55% da população brasileira tem o costume de beber cerveja ou outra bebida alcoólica para relaxar. Em fevereiro último, o órgão promoveu uma série de ações pra alertar para o problema do alcoolismo. O dia 18 foi destinado à conscientização sobre danos e doenças que o consumo excessivo de álcool pode causar.

Um levantamento feito pelo Ibrafig mostrou que um em cada três brasileiros bebe ao menos uma vez por semana. O consumo abusivo foi identificado em 18,8% das pessoas ouvidas pela instituição.

Em entrevista à Agência Brasil, o psiquiatra Rafael Maksud explicou que vários fatores podem desencadear a dependência do álcool. Além da predisposição genética, ele citou o início precoce do consumo, doenças mentais preexistentes, condições culturais que ligam a bebida à diversão, histórico de abuso sexual e/ou violência doméstica, curiosidade e insegurança.

De acordo com o médico, no longo prazo, o alcoolismo acarreta consequências negativas tanto para a saúde física do indivíduo quanto para a psíquica. “Como exemplo podemos citar hepatite, cirrose, hipertensão, aumento do risco de acidente vascular isquêmico, distúrbios sexuais, demência, abstinências severas, depressão, ansiedade e psicoses induzidas pelo álcool”, listou.

O médico ainda fez um alerta às pessoas que acham que beber socialmente ou nos fins de semana não causa dependência. “Esse hábito também pode causar danos à saúde”, afirmou. “Nesse caso, inicialmente, não se caracteriza dependência alcoólica. No entanto, pode ser entendido como uso nocivo de bebida alcoólica, um padrão que causa danos à saúde física ou mental e está associado a consequências sociais adversas de vários tipos”, completou Maksud.

O consumo regular de álcool, segundo o especialista, reduz os níveis de serotonina no cérebro. O hormônio é um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem-estar. Sem ele, a ansiedade e a depressão podem se agravar. Além disso, quem não tem nenhum tipo de distúrbio pré-existente pode desenvolver a partir do consumo de álcool.

 

Tratamento

O alcoolismo é uma doença e deve ser tratado com acompanhamento médico e terapêutico e uso de medicamentos. No Sest/Senat, além de campanhas que alertam sobre o consumo excessivo – inclusive nas estradas –, são oferecidos tratamentos nas diversas unidades.

Também é possível encontrar apoio nos grupos de Alcoólicos Anônimos, que são referência no país, e nos Centros de Atenção Psicossocial, unidades do Sistema Único de Saúde que oferecem tratamento contra o alcoolismo em todo o Brasil. (Com a Agência Brasil)

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