O que marca a bipolaridade?

Transtorno mental é caracterizado por alterações de humor e quadros depressivos. Motorista com diagnóstico ganha na Justiça direito de estender auxílio-doença.

Saúde / 17 de Setembro de 2019 / 0 Comentários
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Um motorista profissional de Horizontina, no Rio Grande do Sul, conseguiu manter uma liminar na Justiça para ter direito ao auxílio-doença após receber o diagnóstico de transtorno de humor bipolar e depressão grave. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) requereu a suspensão do pagamento, que foi negada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Com base na avaliação médica, o juiz do caso reconheceu que ainda há necessidade de afastamento das atividades profissionais, ressaltando que a profissão de motorista exige boa saúde física e “pleno gozo das faculdades mentais”.

A bipolaridade é caracterizada por alterações marcantes de humor, energia e níveis de atividade que afetam a habilidade da pessoa em lidar com tarefas do dia a dia.

“Considerando que o benefício em exame decorre de incapacidade temporária, é importante que seja feita reavaliação médica periódica para apreciar a permanência, ou não, da incapacidade. Por isso, a avaliação prévia é requisito para a próxima análise da enfermidade incapacitante, não podendo haver cancelamento do benefício sem laudo médico anterior nem implantação com data de cancelamento programada”, determinou o relator do caso, o juiz federal Julio Guilherme Berezoski.

Saúde mental

Segundo o Ministério da Saúde, as mudanças de humor de uma pessoa com bipolaridade são duradouras e associadas ao nível de energia e a diferenças comportamentais. Na Política Nacional de Saúde Mental, há a possibilidade de os municípios implementarem equipes multiprofissionais de saúde mental para atender aos pacientes bipolares com consultas, psicoterapias e suporte em assistência social. A estimativa é que 2 milhões de pessoas tenham o diagnóstico no Brasil.

O psiquiatra Doris Moreno, do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), falou ao Portal da Saúde, do Ministério da Saúde, sobre o transtorno. Segundo ele, é uma doença do cérebro, geneticamente determinada, que pode se iniciar na infância, na adolescência ou em um adulto jovem, e evoluir para crises de depressão, ansiedade, expansividade, irritabilidade e aumento de energia.

Fases

Durante o período de mania, como é chamado um dos ciclos do transtorno, a pessoa fica com alta interação, impaciência, pressa, pensamentos acelerados, mais falante e com dificuldade de concentração. De acordo com Moreno, também há pensamentos grandiosos, megalomaníacos e comportamentos irônicos, arrogantes ou cínicos. Essas situações podem levar a atos impulsivos, como uso de drogas e de álcool, além do aumento de gastos e da libido. O tempo nesse estágio gira em torno de sete dias.

Medicamentos para o transtorno são gratuitos na rede pública de saúde

Do outro lado do transtorno, segundo o médico, está a hipomania, que é mais leve e dura menos tempo. Os sintomas são os mesmos, mas com menor gravidade. Em geral, nessa fase, o paciente fica obstinado a algo e coloca todo o foco da vida naquilo: uma pessoa, um projeto ou uma compra, por exemplo.

Também há a fase depressiva, em que o paciente é acometido por tristeza ou desânimo profundo. A pessoa tem dificuldade de se concentrar e de tomar decisões, perde peso por causa da falta de apetite, e, ao mesmo tempo, pode comer excessivamente e engordar. Ainda pode haver fadiga ou falta de energia, desesperança, culpa, baixa autoestima, pensamentos de morte e suicídio e problemas para dormir. Normalmente, o paciente afasta-se de amigos e de atividades prazerosas.

O tratamento para esse tipo de transtorno é feito com medicamentos que estabilizam o humor. Eles fazem parte da lista de remédios gratuitos do Sistema Único de Saúde (SUS). No caso de uma crise, segundo o médico da USP, é preciso procurar um pronto-socorro para medicação caso haja risco de morte. 

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