O Semeador de Amizades
Amigos e família falam com emoção sobre Celso de Souza Pinto, o Sadam, que faleceu em janeiro. Conhecido pela sua alegria e pelo valor que dava às amizades, Sadam deixa uma enorme saudade.
Dizem que legado é o que deixamos de mais especial para que as pessoas se lembrem para sempre. O valor da amizade foi o que Sadam espalhou por toda vida por onde passou. Conversamos com várias pessoas para fazer esta homenagem ao nosso amigo, e todas dest
Dizem que legado é o que deixamos de mais especial para que as pessoas se lembrem para sempre. O valor da amizade foi o que Sadam espalhou por toda vida por onde passou. Conversamos com várias pessoas para fazer esta homenagem ao nosso amigo, e todas destacaram esse valor tão nobre.
Amizades fortes, solidariedade, humildade, cuidado e empatia com o próximo, uma alegria de viver, dedicação e muito amor pelo trabalho, pelas pessoas, pela vida. Celso de Souza Pinto, o Sadam, nos deixou em janeiro. Ficou a saudade imensa em seus familiares e em nós, amigos, e também ficaram muitos ensinamentos valiosos sobre a melhor forma de viver a vida.
Sadam foi diretor de operações no Sindicato dos Cegonheiros de Minas Gerais (Sintrauto) e trabalhou até o último dia. Sempre foi fácil de fazer amizades, mas principalmente de mantê-las. Ele faleceu aos 75 anos e teve uma morte súbita, segundo laudo do Samu. Sadam e a esposa, Wanda Tereza, tiveram três filhos: Gustavo, Juliana e Leonardo e muitos netos.
Gustavo Tadeu de Pinho Pinto é o filho mais novo do Sadam. Entre pausas para respirar e deixar as lágrimas caírem, ele gentilmente conversou com a Entrevias. “Acompanhei meu pai desde criança, fiz minha primeira viagem com ele quando eu tinha 8 anos, fomos para o interior de São Paulo. Lembro até hoje as cidades que fomos: Franca, Batatais, Sertãozinho e Ribeirão Preto. Era demais pra mim ver ele dirigindo uma cegonha, viajando esse Brasil todo. Sempre quis seguir seus passos”, contou Gustavo.
Viajando com o pai e recebendo todos os conhecimentos dele na estrada, Gustavo seguiu a profissão. “Hoje, sim, seguindo os passos dele, peguei amor pela profissão e sou caminhoneiro também. A nossa relação era a mais próxima possível, eu não tomava decisão nenhuma sem consultar meu pai, até a sua partida...”, disse.
“Já tenho 15 anos de profissão, e ele ainda me dava dicas, falava coisas que já sabia, como ‘cuidado com essa chuva’, mas como eu queria ouvir de novo mesmo sendo repetitivas... O maior ensinamento que ele me deixou foi fazer o que se gosta, ter amor se pelo que faz. Vou seguir adiante porque sei que ele tinha o maior orgulho em me ver dirigindo uma carreta e sei que estará olhando por mim sempre”, disse Gustavo.
"Não tenho palavras para descrever o que meu pai foi para mim. Uma pessoa incrível, um exemplo de ser humano, não estou falando porque é meu pai, mas quem conviveu com ele sabe o ser humano que ele foi e que ele continua sendo, mas agora em outro ambiente, lá no céu. Tudo que sou hoje aprendi com ele, honestidade, dignidade, respeito, tudo aprendi com ele. Foi um pai muito presente, sempre nos auxiliando em tudo que a gente precisava. Não só com a família, mas com os amigos também, sempre sabiam que podiam contar com ele", disse Juliana de Pinho Pinto, filha do Sadam.
Amigos sentem saudade
No Sindicato dos Cegonheiros, ficou um enorme vazio. Foi difícil abrir aquela sala cheia de fotos e pertences do Sadam. Carlos Roesel, presidente do sindicato, traz em seu depoimento o sentimento de todos os colegas que compõem o Sintrauto. “Está difícil sem ele, e vai demorar pra gente entender que ele não vai mais ocupar aquela sala. O Sadam tinha um ânimo pela vida, pelo trabalho, que nos movimentava. Tinha um conhecimento muito grande sobre a área e uma experiência de vida que nos ajudava em tudo. Hoje é difícil porque, em algumas situações, pego o telefone para mandar mensagem para ele e cadê? Não é fácil conviver com a ausência dele. Sadam foi uma pessoa muito especial para o mundo, nos ensinou demais a como viver com alegria, se importando com as pessoas, se dedicando ao que faz com responsabilidade e comprometimento. É muita saudade que a gente sente”, disse Roesel.
Geraldo Eugênio de Assis, diretor da Entrevias, presidente do grupo de voluntários Anjos do Asfalto, da Prevenir Proteção Veicular e do Rotary Contagem, foi um grande amigo de Sadam. “Fazer uma matéria aqui, na revista, é o mínimo que poderíamos fazer por ele, é uma homenagem carinhosa ao nosso amigo. Sadam foi uma pessoa muito especial, solidário, gostava de ajudar as pessoas, sempre animado para resolver problemas das pessoas. Tínhamos uma amizade antiga, mas ele era como um pai para todo mundo aqui, ou um irmão mais velho. Tinha uma sabedoria muito grande para tomar decisões, para ajudar as pessoas, para lidar com a vida. E fazia amizades por todo lugar. Melhor que isso: ele mantinha as amizades para a vida toda, e isso era um exemplo para todos nós”, afirmou Geraldo.
Márcio Arantes, presidente da Associação Particular de Ajuda ao Colega (Apac) Sul, contou que conheceu o Sadam em 1993, quando eles trabalhavam na BF Transportes. Ele lembra que o Sadam começou no sindicato fazendo socorro a motoristas com caminhão batido nas estradas. Mas era tão comunicativo e agradável que passou a resolver problemas junto aos órgãos de fiscalização, como Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil, Dnit, DER, ANTT e outros. Assim, ele fez muitas amizades e se tornou conhecido e querido em todos esses órgãos.
“Ele se tornou famoso, o Sadam do Sindicato, devido a esse conhecimento todo que tinha. A amizade foi crescendo nesses espaços e também crescendo o relacionamento do sindicato com esses órgãos, o que foi muito positivo. Sadam era muito dedicado. Quando precisava entender sobre algo para resolver, uma lei, o motivo de uma multa, por exemplo, ele se debruçava, estudava o tema, buscava informação, tudo para ajudar as pessoas”, contou Márcio.
“Até hoje, quando eu recebo alguma informação, a primeira pessoa que eu penso em mandar é pra ele. Pego meu celular e não tem mais pra quem mandar... Ele faz muita falta pra gente, era um grande amigo”, completou Arantes.
O presidente da Coopercemg, José Gerado de Farias, conhecido como Zé da Padaria, destacou o que para ele eram as principais qualidades do Sadam. “Ele atendia todos nós, cegonheiros, da melhor forma, uma pessoa muito prestativa, não tinha tempo ruim com ele, tinha muitas amizades e sempre se preocupou com nosso setor. Ele vai fazer muita falta com certeza, era uma pessoa diferenciada. A gente tinha uma amizade que ia além do nosso negócio, era meu amigo pessoal. Um grande amigo que a gente perdeu. Vamos ficar com as lembranças dele e rezar por ele e pela família. Tenho certeza que foi bem acolhido por Deus. Só Ele sabe a hora que vamos embora”, disse Zé da Padaria.
Rogério Batista do Carmo, diretor presidente, da Associação de Fomento e Cooperativismo ao Transporte de Cargas do Brasil (Afocoop), contou que conhecia o Sadam desde 1991, quando começou a trabalhar com cegonha. “A gente viajou muito juntos, sempre foi um grande companheiro, amigo. Quando deixou de viajar, era a pessoa que mais nos ajudava, um cara muito bom. Sadam era sempre alegre, pra cima, foi uma pessoa excepecional, muito generosa, prestativa, uma perda muito grande para nós amigos e para o setor”, afirmou.
Parceiro para qualquer hora
O inspetor Aristides Júnior, porta-voz da Superintendência da Polícia Rodoviária Federal em Minas Gerais, fez questão de falar sobre o Sadam. Isso porque eles eram grandes amigos e se conheciam havia 25 anos. Em alguns momentos da conversa, Júnior embargou a voz. “É uma honra poder falar sobre ele. Uma pessoa do bem, parceiro, de confiança, honesto, trabalhador, conheci muitas pessoas por meio dele, da Polícia Civil, da Sada, pessoas muito boas. Ele era um semeador de amizades. Foi uma perda extremamente dolorosa para mim. Com certeza foi um dos melhores amigos que fiz nesses anos de PRF. Tinha um coração enorme, parceiro para qualquer hora, amigo com A maiúsculo; Foi muito doído quando o filho dele me ligou para informar sobre seu falecimento. Foi uma perda irreparável na minha vida”, disse Aristides Júnior.
“Um dos grandes legados que ele me deixa, além da honestidade, do comprometimento com o trabalho, da forma humana como ele tratava as pessoas, é o valor da amizade. Tinha o dom de andar sempre bem-acompanhado, com certeza por ter um coração tão bom como ele tinha”, disse. Júnior contou várias histórias do Sadam nos momentos em que estavam juntos e também sobre o respeito que ele tinha pela PRF. Ele possuía até um crachá da corporação e o exibia com orgulho, segundo Júnior.
“A gente se chamava de ‘comandante Vinícius’. Essa brincadeira começou quando a PRF recebeu o primeiro helicóptero e fomos para Poços de Caldas inaugurar um heliponto. O Sadam foi junto. Nos convidaram para fazer um sobrevoo, e, na hora, chamei o Sadam. Ele correu e sentou ao lado do piloto, na cadeira da frente, tipo um copiloto. Esse comandante chamava Vinícius. Eu brincava com ele que ele achou o comandante bonitão e, a partir disso, começamos a nos chamar de ‘comandante Vinícius’”, contou o inspetor.
Quem também se emocionou ao falar do Sadam foi o advogado e amigo Ericson Porto, o Dinho. Ele mandou a seguinte mensagem: “Meu amigo, não acredito que hoje visto o luto na alma por você... Meu coração chora ao pensar que jamais vou voltar a te ver. Você deixou lindas e preciosas lembranças. Até sempre, meu amigo! Esteja você onde estiver, jamais vou esquecer de você e da nossa amizade”.
Dinho era policial penal em Betim quando conheceu o Sadam. “De lá para cá, nunca mais nos desligamos. Nos falávamos todos os dias. Trabalhei com ele no sindicato, e, no dia do seu falecimento, conversamos menos de uma hora antes. Era uma pessoa ímpar, simples, humilde, tinha uma diplomacia entre as unidades policiais, ele era aquela pessoa que resolvia tudo, um segundo pai para mim. Disposto a ajudar todos a qualquer hora, qualquer momento”, disse Dinho.
Ele contou que fizeram parte do Juizado de Menores juntos e que foi um grande aprendizado. “Uma vez, fomos ao Mineirão no jogo. Ele estava sempre alegre e era muito humano, não julgava as pessoas, e eu aprendi muito isso quando fazíamos as diligências no juizado. Falava com ele de quatro a cinco vezes por dia. Ele me faz muita falta. Eu falava com ele mais do que falo com minha mãe”, disse Dinho, muito emocionado.
Sadam também tinha muitas amizades na Polícia Civil. O delegado regional da Polícia Civil de Betim, Marcelo Cáli, contou que conheceu o Sadam em 2007, quando chegou a Betim para trabalhar no bairro PTB. “Criamos uma amizade sincera e forte. Sempre foi uma pessoa muito alegre, simpática, carismática, humilde, sempre ajudou o próximo, sempre disposto quando alguém precisasse dele. Nunca negou qualquer tipo de ajuda. E era muito querido no meio da Polícia Civil. Ele deixa um legado maravilhoso de que devemos ser pessoas que ajudam os outros sempre, que priorizam a amizade sincera e verdadeira. Nos ensinou que o mais importante na vida é a verdadeira amizade”, concluiu.
Que Sadam sempre seja lembrado e nunca mais esquecido pelo tanto que nos ensinou e nos alegrou. Esteja em paz, amigo!
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