Obra de duplicação da BR-381 pode parar a qualquer momento
A- A A+Em que pesem os esforços da Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Minas Gerais e da Empresa Construtora Brasil (EBC) – que lidera o consórcio responsável pelos lotes 7a e 7b –, as obras de duplicação da BR-381 estão prestes a parar. Isso por causa do Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 13/2018 enviado à Câmara dos Deputados no dia 22/6/2018, pelo ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Esteves Pedro Colnago Junior.
Ele pede a transferência de R$ 544 milhões do Ministério dos Transportes para as pastas Saúde, Desenvolvimento Social, Educação e Integração Nacional. A verba seria destinada a projetos como o da BR-381 em Minas. Isso significa que R$ 55 milhões que seriam aplicados na duplicação da chamada Rodovia da Morte, entre Belo Horizonte e João Monlevade, deixarão de ser empenhados.
Portanto, se a reforma da rodovia já andava a passos lentos, os poucos operários que ainda permaneciam nos canteiros ao longo da estrada serão dispensados pelo consórcio construtor. Lembrando que, dos 12 lotes licitados em 2012, apenas dois sobreviveram. A BR-381 Norte, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, tem 320 km e vem sendo palco de tragédias, com milhares de vítimas, ao longo dos últimos 30 anos.
Somente entre BH e João Monlevade, em um trecho de 100 km, existem mais de 200 curvas com pistas simples e estreitas. A rodovia foi inaugurada em 1958, em rota de burros, aproveitando o mesmo traçado que animais faziam há 60 anos no transporte de cargas entre a capital e cidades do Vale do Aço, e cuja construção se deu aos pés das montanhas sem recursos de engenharia, com aclives acentuados, excesso de curvas e geometria fora dos padrões de segurança.
De lá para cá, a indústria automobilística avançou, o volume de tráfego, que era de 900 veículos dia, incluindo caminhões, pulou para mais de 60 mil. Porém, a rodovia permanece igual. Morrem na BR-381, por ano, mais de 200 pessoas, a maioria em acidente de colisões frontais. Dados da ONG Anjos do Asfalto, que faz trabalho de resgate voluntário no trecho entre Ravena e Nova Era, revelam que 40% das vítimas dos mais de 1.200 acidentes graves que acontecem no trecho vão a óbito a caminho do hospital dentro das unidades de resgate ou alguns dias depois.
São mortes não computadas em estatísticas oficiais. Números estarrecedores para uma rodovia de grande importância para o país e para a economia mineira. Sem obras e com sinalização precária, piso irregular e pouca fiscalização, o cenário é tenebroso para os próximos anos. As perspectivas para a retomada dos trabalhos, caso o PLN seja aprovado, não são animadoras, já que está chegando o fim da legislatura.
As emendas de bancadas que seriam destinadas à conclusão da duplicação dos 37 km em andamento não foram liberadas. Como não há previsões no Orçamento de 2019, os recursos para a continuação da duplicação só poderão entrar em 2020. Ou seja, a tão esperada solução da rodovia campeã de mortes no Brasil, se ocorrer, será somente daqui a dois anos.
Com efeito, ao se entrar na famigerada BR-381, o melhor a se fazer é redobrar a atenção e rezar para que em sentido contrário não venha um imprudente acreditando na sorte, dirigindo sem respeitar as regras de trânsito. Tomara que a bancada federal de Minas em Brasília tenha consciência da gravidade do problema e aja com as devidas firmeza e urgência a favor da continuação da obra de duplicação.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Entrevias. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Entrevias poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.