Ômega-3 contra a zika
Pesquisa mostra que a ingestão do óleo protege contra a inflamação causada pelo vírus. Substância também pode ser encontrada em fontes vegetais.
A- A A+A ingestão de ômega-3 pode ser benéfica no combate à atuação do vírus da zika no organismo humano. A conclusão é de uma pesquisa desenvolvida no Laboratório de Imunologia e Inflamação da Universidade de Brasília (Limi/UnB). O óleo consegue proteger os neurônios da morte celular, do estresse oxidativo e da inflamação causada pelo micro-organismo.
O estudo concluiu que a substância pode ser usada como auxiliar nas terapias antivirais devido à resposta anti-inflamatória e neuroprotetora que ela exerce sobre o sistema nervoso central, conforme foi observado nas análises. Assim, o ômega-3 combate o efeito tóxico causado pelo vírus às células.
A pesquisa foi publicada na revista “Scientific Reports”, do grupo Nature, uma das mais importantes do mundo. “Começamos com uma pergunta pequena e, depois, nós a ampliamos. Hoje, temos outras três pesquisas trabalhando essa associação”, diz a estudante do mestrado em patologia molecular da UnB Heloísa Braz de Melo. Segundo ela, associação são os mecanismos pelos quais o ômega-3 protege as células neuronais.
Outra pesquisa que está sendo realizada no Limi/UnB diz respeito ao efeito do ômega-3 no tratamento da infertilidade masculina causada pela zika. De acordo com o estudo, o uso da substância na prevenção do problema também é positivo, além de ela poder ser usada como auxiliar antiviral.
Segundo a UnB, durante dois anos da graduação em biotecnologia, Heloísa fez caracterizações e análises da resposta inflamatória do ômega-3 em casos de câncer, de obesidade e de inflamação. Pesquisas anteriores já haviam comprovado a ação do óleo como neuroprotetor e anti-inflamatório.
No início do surto de zika no Brasil, entre 2015 e 2016, a pesquisadora decidiu, então, analisar se a substância também seria eficaz contra a infecção viral. “Decidimos juntar as duas coisas, e esse foi o grande diferencial do trabalho. Elas nunca tinham sido estudadas juntas antes”, afirma a professora Kelly Magalhães, orientadora do estudo.
A continuidade dele, no entanto, está ameaçada por conta dos cortes de verbas destinadas às pesquisas no país. Agora, a busca é por parcerias que assegurem o avanço do trabalho.
Fontes de ômega-3
A pesquisa do Limi/UnB foi feita a partir do óleo de peixe, segundo a professora da instituição brasiliense. No entanto, para os veganos, que não consomem nenhum tipo de alimento de origem animal, o complemento pode ser feito de outra forma. A orientação da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) é reforçar o uso de alguns alimentos, como algas, sementes de linhaça moídas, óleo de linhaça, nozes, feijão de soja e óleo de canola.
O ideal, conforme a SVB, é consumir de 2,2 g a 4,4 g de ômega-3 por dia, tendo como referência uma dieta de 2.000 quilocalorias diárias. Uma colher de sopa de sementes de linhaça, por exemplo, contém de 1,9 g a 2,2 g do ácido graxo. Já uma colher de chá do óleo de linhaça tem 2,7 g. As informações foram fornecidas pelo médico Eric Slywitch, coordenador do departamento científico da instituição.
Sementes de chia, de cânhamo, de abóbora, de amêndoas, de soja e de ervilha, espinafre, brócolis, couve-flor e tofu são outras fontes vegetais. A melhor alternativa, contudo, está nas microalgas. Os peixes são ricos em ômega-3 exatamente porque as consomem. Além de serem uma fonte vegana de qualidade, diferentemente dos óleos de peixe, as microalgas são produzidas de forma sustentável, em cultivos isolados, que evitam a exploração e garantem o controle e a segurança alimentar.
O óleo de microalgas possui ômega-3 puro já isolado (ácido docosa-hexaenóico, o DHA), pronto para o consumo humano e com absorção mais rápida, sendo a melhor opção 100% vegetal capaz de suprir a demanda do organismo em todas as opções alimentares e estilos de vida. (Com informações da Secom/UnB)
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