País em chamas

Dados do Inpe mostram que 2024 já é o ano com o maior número de queimadas da última década

Meio Ambiente / 29 de Outubro de 2024 / 0 Comentários

Dois mil e vinte e quatro ainda nem terminou, mas já está sendo considerado o ano com a maior quantidade de focos de incêndios em vegetação da última década, conforme apontado por dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (

A- A A+

Dois mil e vinte e quatro ainda nem terminou, mas já está sendo considerado o ano com a maior quantidade de focos de incêndios em vegetação da última década, conforme apontado por dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 
Somente em setembro, foram contabilizados mais de 80 mil focos, cerca de 30% acima da média histórica, registrada desde 1998. Ainda que a situação melhore até dezembro e as ocorrências fiquem dentro da média, 2024 já terá sido o ano com o maior número de queimadas desde 2010, quando o Brasil atingiu a marca de 319.383 registros.
O levantamento do Inpe mostra que os focos aumentaram em todo o território nacional na comparação com o ano passado, mas a região Centro-Oeste está se sobressaindo com três Estados liderando esse crescimento: Mato Grosso do Sul, com 601% e 11.990 focos em 2024; Distrito Federal, com o aumento de 269% e 318 focos; e Mato Grosso, com 217% e 45 mil focos, tornando-se a unidade mais crítica, ultrapassando o Pará.
Completam o ranking dois Estados do Sudeste, com números totais de queimadas menos representativos, porém com grande aumento: São Paulo e Rio de Janeiro. O aumento para os paulistas foi de 428% em setembro, com 7.855 focos ativos. No Rio, foi de 184%, ou 1.074 focos.
Desde o começo das medições do Inpe, o país passou de 300 mil focos em seis anos: 2002, 2003, 2004, 2005, 2007 e 2010. Este ano caminha para a volta dessa marca. Com seus 208 mil focos registrados até o fim de setembro, está atrás somente dos totais de 2020, com 222.797 focos, e 2015, com 216.778, considerando apenas os últimos dez anos.

Crime ambiental
Dados do Programa Queimadas mostram que metade das queimadas que ocorreram no país nos primeiros nove meses de 2024 se concentra na Amazônia. Para o secretário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, André Lima, parte deles foi agravada por fenômenos climáticos atípicos e pela ação criminosa de pessoas agindo com “conotação política”, em resposta às medidas adotadas pelo atual governo para combater o desmatamento ilegal no país.
“Tem, inclusive, incêndio que a gente imagina que possa ter conotação política. É uma reação de parte da sociedade que não se conforma, que não se enxergou dentro da sustentabilidade”, afirma.
Ainda segundo Lima, o país vive uma seca atípica em função das mudanças climáticas globais, como o aquecimento do oceano Atlântico, que era um fenômeno de menor intensidade nos anos anteriores. A intensificação do desmatamento no Cerrado e na Amazônia também agravou a situação, diminuindo a umidade do ar e atrasando o período chuvoso.
“Uma coisa é prever um ano seco. Outra coisa é prever um ano extremamente seco. É o maior ano de seca nos últimos 60 anos na Amazônia, nesse grau que a gente está vendo, não só de baixa umidade, mas de praticamente zero chuva e alta de calor. São três elementos agindo simultaneamente sobre a Amazônia num momento que não era mais para ser assim”, frisa o secretário. (Com a Agência Brasil)

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Entrevias. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Entrevias poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.