Pais mais prudentes

Estudo do Detran do Paraná mostra que a paternidade tem feito com que os homens sejam mais cuidadosos no trânsito. Eles ainda são a maior parte das vítimas de acidentes.

Comportamento / 05 de Outubro de 2016 / 0 Comentários
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Na base de dados do DataSUS, sistema que recebe constantemente todas as informações sobre o Sistema Único de Saúde do país, consta que, a cada dez mortes no trânsito, oito vítimas são homens, e duas, mulheres. Eles continuam sendo considerados mais imprudentes, e elas, mais cautelosas. No entanto, um estudo realizado recentemente pelo Departamento de Trânsito do Paraná traçou o perfil comportamental dos homens no trânsito e mostrou que, quando se tornam pais, eles ficam mais prudentes.

Segundo informações divulgadas pelo Detran e pela Agência Estadual de Notícias, os motoristas do sexo masculino com idade entre 25 e 34 anos lideram o ranking de maior número de carteiras de habilitação suspensas por conta do alcance do limite de pontos e infrações. No primeiro semestre deste ano, a estatística do Estado mostra que foram 8.731 motoristas com o direito de dirigir suspenso. O diretor geral do Detran-PR, Marcos Traad, explica que uma das razões para esse resultado é a juventude, com sua necessidade de autoafirmação, que leva a um comportamento exibicionista e arriscado.

Comparando homens e mulheres, Traad destaca que há diferença. “Estudos mostram que eles e elas tendem a se comportar de modo diferente no trânsito. Enquanto as mulheres são mais cautelosas, analíticas e emotivas, muitos homens acabam por subestimar o perigo e agem de forma intolerante, agressiva e negligente diante das condições adversas”, disse o diretor em entrevista à Agência Estadual de Notícias.

Com a paternidade, o comportamento muda. Segundo Marcos Traad, eles costumam ficar mais preocupados com a própria segurança e com a de seus familiares. Responsabilidade e preocupação são duas características importantes para garantir a segurança no trânsito. A agência de notícias entrevistou um consultor de vendas paranaense sobre o assunto. Thiago Luiz Iurk, de 34 anos, confirmou que mudou de atitude ao dirigir desde o momento em que soube que a esposa estava grávida.

Ele contou que, antes de ser pai, fazia ultrapassagens perigosas e “perdia a cabeça com qualquer coisa”. “Depois disso, muitas coisas mudaram na minha vida, principalmente a conduta no trânsito. Fiquei mais consciente sobre os perigos e passei a praticar a direção defensiva. Não quero que minha filha cresça sem o pai do lado”, afirmou. 

NOTIFICAÇÕES

No Paraná, o Detran identificou que, das 39 mil notificações feitas no primeiro semestre deste ano, que resultaram em suspensão e cassação do direito de dirigir, 75% referem-se a homens. As suspensões tiveram como principais motivos trafegar em velocidade superior ao permitido na via em 20%, avançar sinal vermelho e estacionar em local proibido.

No âmbito nacional, a realidade não muda muito. Conforme dados divulgados, no ano passado, pelo Ministério da Saúde, o Brasil é o quinto país no mundo com o maior número de mortes em acidentes de trânsito. São cerca de 45 mil pessoas a cada ano. De acordo com o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva 2011), 78,76% das vítimas de acidentes de transporte terrestre são homens na faixa etária de 20 a 39 anos. O Viva traça um perfil das vítimas de violência e de acidentes atendidas pelos serviços de urgência e emergência do SUS nas capitais brasileiras. O número de acidentes e mortes é puxado para cima pelos motociclistas nas vias urbanas.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também divulgou em 2015 dados sobre acidentes de trânsito com lesões corporais no Brasil. Na proporção, machucaram-se três vezes mais homens do que mulheres. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do IBGE, é referente ao ano de 2013 e foi feita em convênio com o Ministério da Saúde.

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