Para preservar a vida silvestre
Impactos ambientais causados pelas estradas vêm sendo minimizados com a instalação de travessias para animais. Estruturas também contribuem para a reprodução das espécies.
A- A A+Jaguatirica, tamanduá-mirim, lontra, veado-mateiro, mico-leão-dourado, cuíca cinza, ouriço cacheiro, onça, preguiça e aves de várias espécies são alguns dos animais que já foram flagrados por câmeras instaladas nas passagens de fauna da Arteris S.A., companhia detentora de nove concessionárias responsáveis pela administração de rodovias federais que cortam Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná.
Durante a campanha Junho Verde, promovida para celebrar o Dia Mundial do Meio Ambiente (comemorado em 5 de junho), a empresa, por meio de suas redes sociais, relembrou alguns dos principais empreendimentos criados em prol da preservação animal. Um deles foi o primeiro viaduto vegetado em uma rodovia federal, localizado no KM 218 da BR-101, em Silva Jardim (RJ). Inaugurada em agosto de 2020, a estrutura recebeu investimentos da ordem de R$ 9 milhões.
“A obra integra um conjunto inédito no Brasil, afinal, 15 túneis subterrâneos, passarelas que ligam copas de árvores e passagens sob pontes também foram construídas entre Casimiro de Abreu e Rio Bonito (ambos municípios fluminenses) para contribuir com a biodiversidade da fauna e da flora”, informou a companhia.
Criado para evitar atropelamentos, o elevado possui 54 metros de comprimento e 20 metros de largura e é coberto por plantas e árvores nativas da Mata Atlântica definidas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, além de rampas de acesso e cercas vivas de 2 metros de altura que conduzem os animais até o viaduto, evitando, assim, travessias fora do dispositivo.
“As rodovias geram impactos ambientais. Dois deles são atropelamentos da fauna silvestre e o efeito barreira, que impede que grupos das populações que estão na paisagem cruzem entre si. Para evitar esses problemas, os engenheiros civis, ambientais e florestais, bem como os biólogos, se juntaram para criar soluções”, afirma o coordenador de Meio Ambiente da Arteris Fluminense, Marcello Guerreiro.
O especialista ressalta que as estruturas implantadas pela concessionária não podem ser construídas em todas as rodovias. É necessário, segundo ele, avaliar a paisagem e os critérios físicos da estrada antes de definir a melhor saída. “Deve-se sempre buscar uma análise do custo-benefício para que se encontrem soluções mais econômicas e eficientes para as condições da via”, diz Guerreiro.
No caso do viaduto vegetado de Silva Jardim, foi criada uma conexão entre a Reserva Biológica Poço das Antas, um dos principais habitats do mico-leão-dourado – espécie ameaçada de extinção e endêmica da região –, e a fazenda Igarapé, formando corredores ecológicos para conectar fragmentos florestais isolados, permitindo o fluxo genético entre as populações selvagens, conforme informado pela Arteris S.A.
Flagra do bem
No interior paulista, câmeras equipadas com sensores de movimento registraram vários momentos em que animais silvestres utilizaram as drenagens adaptadas para funcionarem como passagens de fauna em vez de atravessarem a rodovia. No segundo semestre do ano passado, muitos flagrantes ocorreram nos trechos entre Limeira e Mogi Mirim e entre Santa Cruz das Palmeiras e Casa Branca.
“A jaguatirica registrada em vídeo é uma das espécies ameaçadas de extinção e, em São Paulo, é considerada um animal em estado vulnerável. Portanto, esses monitoramentos periódicos são essenciais para que a concessionária possa avaliar a dinâmica da fauna nas rodovias”, comenta o analista Vicente Teixeira.
De acordo com a Arteris Intervias, que administra 380,3 km de vias no Centro-Norte do Estado paulista, além da preservação, a implantação de cercas de condução nesses pontos direciona a fauna silvestre para as drenagens, que também servem como dispositivos de segurança viária, minimizando acidentes entre condutores e animais.
“É importante que todos façam a sua parte, inclusive os usuários que trafegam nas rodovias, sempre se atentando às placas de advertência indicativas de presença de espécies silvestres”, conclui o gerente de meio ambiente da empresa, Osnir Giacon.
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