Para terminar bem a viagem

Saiba como amenizar efeitos relacionados a longas viagens, como o chamado jet lag, que pode trazer consequências ao corpo

De uma maneira geral, viajar é sempre um momento feliz. Conhecer novos lugares, pessoas, culturas e sabores é estimulante. Porém, há um contratempo. Em longas viagens de avião, nosso corpo é submetido a situações de grande estresse. Além disso, se há mudança de fuso horário, a bagunça no organismo é ainda maior, pois acontece o efeito jet lag, no qual nossas funções biológicas ficam desajustadas em relação ao horário local.
Segundo Mariela Silveira, médica nutróloga e diretora geral do Centro Médico de Longevidade e SPA Kurotel, em Gramado (RS), durante o jet lag, ocorre uma falta de sincronia do organismo com o ambiente externo, chamada de assincronia circadiana. “Quando o ciclo do sono-vigília é impactado negativamente pelo fato de ser noite e nosso corpo esperar receber luminosidade, ou ser dia, ocorre uma alteração neuroendócrina transitória, que pode levar à alteração do sono, à fadiga, à dificuldade de concentração, à redução de memória e da capacidade de dar respostas a estímulos, a dores de cabeça e, eventualmente, à alteração da pressão arterial, da secreção da insulina e do controle do açúcar. Os sintomas geralmente duram 24 horas, mas podem se estender até 72 horas ou mais”, diz a médica.​

PREPARAÇÃO
Para prevenir essas situações, a nutróloga diz que o ideal é tentar ajustar os horários de sono e refeições, alguns dias antes, aos local de destino. Também é importante evitar o uso de bebidas alcoólicas e de medicamentos psicotrópicos (calmantes e sedativos), principalmente sem prescrição médica, que podem agravar os efeitos do jet lag.
Durante a viagem, o mais importante é favorecer condições para que exista o máximo de sono possível. Isso vai deixar o organismo mais descansado e fortalecido para encarar qualquer situação na chegada ao destino.
Para depois da viagem, quando se chegou ao destino desejado, Mariela tem algumas sugestões: “Devem-se evitar situações de potencial periculosidade, que exijam atenção elevada (como dirigir veículos, manusear máquinas, dentre outras). Após a chegada, bebidas à base de cafeína serão as grandes aliadas para manter o pique. Exposição à luz do dia também é importante, para que o organismo comece a processar as novas informações de condições ambientais e para que possa modular a nova liberação de hormônios e neurotransmissores, regulando seu funcionamento. O uso de medicamentos é outra saída, desde que haja indicação médica”, ressalta a médica.
Segundo ela, alguns trabalhos científicos sugerem que o uso de melatonina, antes e depois da viagem, pode reduzir sintomas relacionados ao jet lag. A melatonina é um hormônio produzido naturalmente pelo nosso corpo, mas que está sendo reproduzido sinteticamente em laboratório.No entanto, essa substância ainda não foi aprovada pela Agência Nacional de Saúde (Anvisa) e ainda não é comercializada no Brasil. Mas, na Europa, no Canadá, nos EUA e em outros países da América Latina, a melatonina já é amplamente utilizada para essa finalidade.

OUTRAS DICAS
Para evitar inchaços nas pernas e nos pés durante o voo, meias elásticas de moderada compressão são a melhor alternativa, pois melhoram a circulação e previnem complicações no sistema vascular.
Sempre que possível, levante-se um pouco do assento e caminhe pelo corredor. Além de reduzir o inchaço, essa caminhada ajuda a minimizar o estresse. Outra dica é, de hora em hora, fazer movimentos de flexão e extensão dos pés, que auxilia no bombeamento do sangue, facilitando a circulação e reduzindo possíveis edemas.
E como manter o corpo, a pele e os lábios hidratados durante a viagem? Beba muito líquido, preferencialmente água. Isso contribui para a hidratação do organismo como um todo. Usar cremes para a pele e para a boca potencializa o efeito hidratante e garante um cuidado mais profundo durante a viagem.