Parceria em prol da fauna e da flora

Uma reunião entre representantes do Ministério dos Transportes e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tratou de projetos nas rodovias em que há grande variedade de fauna e flora, incluindo espécies ameaçadas de extinção, que demandam ainda mais esforços dos entes públicos e privados pela preservação.

Durante o encontro, realizado em 23 de fevereiro último, em Brasília (DF), o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, discutiram a preservação da biodiversidade e de garantias de se causar o menor impacto ambiental possível com a execução de projetos de infraestrutura de transportes.

Os processos de licenciamento ambiental de obras na BR-135/BA, na BR-158/MT, na BR-242/MT e na BR-319/AM foram os principais pontos tratados pelos gestores na ocasião. “Salvar a vida de animais e plantas e aumentar a segurança no trânsito são a prioridade. Queremos mostrar que é possível, sim, avançar em infraestrutura e garantir boas práticas de sustentabilidade e preservar o meio ambiente”, frisou o ministro Renan Filho.

A proposta, segundo o titular da pasta, é ampliar o programa Reconecta, “que garante corredores ecológicos para travessia segura de animais em todas as áreas ricas em biodiversidade”, disse o ministro.
 
Medidas

No caso da BR-135/BA, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) está elaborando um estudo e um relatório de impacto ambiental para serem encaminhados ao Ibama. Os levantamentos são exigidos no processo de licenciamento, já que a região em que está inserida a rodovia comporta um grande número de grutas e cavernas que abrigam morcegos e vários invertebrados, bem como reservas de água superficiais e subterrâneas responsáveis pelo abastecimento de cursos d’água adjacentes.

Já na BR-158/MT, que corta um território indígena, além das ações de preservação da fauna, o licenciamento inclui o Programa Básico Ambiental Indígena (PBAI), que será submetido à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e à comunidade indígena. Na via, são frequentes as mortes de seriemas, tamanduás-bandeira, sucuris e outras espécies de cobras.

Também no Mato Grosso – o único Estado brasileiro em que são encontrados três biomas (Amazonas, Cerrado e Pantanal) –, as compensações ambientais e as passagens de fauna na BR-242 contribuirão com a proteção de onças-pintadas, onças-pardas, antas e outras espécies de mamíferos, répteis, aves e anfíbios, segundo o Ministério dos Transportes. Em abril próximo, será realizada uma audiência pública sobre a rodovia federal para que população, especialistas, indígenas e sociedade civil possam apresentar sugestões, uma vez que o Mato Grosso abriga espécies ameaçadas que, de forma recorrente, são vítimas de atropelamentos.

Por fim, na BR-319/AM, a instalação de itens de proteção da fauna, como corredores aéreos e subterrâneos para a passagem segura dos animais, vai beneficiar espécies ameaçadas de extinção, entre elas sucuris, araras e sapos, além de mamíferos e outras aves que vivem em trechos atravessados pela via. De acordo com o governo federal, um dos projetos para essa BR é coletar material biológico dos animais que vivem próximo à rodovia para produzir estudos ambientais que subsidiem o processo de licenciamento.