Pedido de socorro

Associação dos Bombeiros Militares afirma que até 80% de toda a frota está sucateada e que situação é antiga. Governo contesta e garante que foram feitos investimentos.

Segurança / 17 de Maio de 2017 / 0 Comentários
A- A A+

"Se houver qualquer desastre em Belo Horizonte, teremos muita dificuldade em fazer um trabalho a contento. Só temos uma Unidade de Resgate (UR) para atuar na região metropolitana (RMBH), que possui cerca de 5 milhões de habitantes.” A afirmação é do presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerias (Aspra/PMBM), o sargento da Polícia Militar (PM) Marco Antônio Bahia Silva, em referência à frota do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG).

Segundo ele, o sucateamento abrange de 70% a 80% dos veículos da corporação atualmente. As motocicletas utilizadas no serviço de moto-resgate – implantado no Estado em setembro de 2008 para agilizar os primeiros-socorros às vítimas – estão encostadas nos pátios dos batalhões sem nenhuma atividade, conforme já foi denunciado pelo sargento. O problema é a escassez de recursos para a manutenção e a aquisição de novas unidades, já que o dinheiro arrecadado mediante cobrança da Taxa de Incêndio – paga por contribuintes de classe não residencial (imóveis usados para prestação de serviços, comércio e indústria) – não chega ao destino previsto, de acordo com o presidente da Aspra/PMBM.

“O governo de Minas criou em 2004 essa taxa para equipar o Corpo de Bombeiros. Hoje, esse recurso é cobrado do cidadão, e mais ou menos R$ 90 milhões são recolhidos por ano, mas eles não chegam aonde deveriam. Cem por cento do valor deveria ir para os bombeiros, mas nossos levantamentos dão conta de que nem 10% vão. Em 2009 e 2010, mais ou menos, começamos a apurar que somente 50% do total chegava ao local certo, e, de lá para cá, a situação se agravou muito mais”, denuncia.


Devido a esse cenário, o sargento Bahia afirma que nenhum dos três batalhões da Grande BH – localizados estrategicamente nos bairros Cruzeiro e São Francisco, na capital, e no Eldorado, em Contagem, município vizinho – dá o suporte adequado à população. “Se houver incêndios em duas localidades distintas, vai morrer gente. Não dá para suportar nem um incêndio de grande proporção, e a tendência é piorar porque vamos chegar à época de seca, período em que há ocorrências frequentes na região metropolitana”, alerta.

Outro agravante, segundo o presidente da Aspra/PMBM, é o déficit de 3.000 bombeiros no Estado. Atualmente, são 6.000 agentes na corporação, enquanto o efetivo ideal é de 9.000.

Contraponto

Procurado para comentar a situação, o CBMMG negou que esteja havendo um sucateamento dos veículos da corporação. De acordo com nota enviada pela assessoria de imprensa, em 2015 foram adquiridas 163 viaturas novas pelo Corpo de Bombeiros, e, no ano passado, todas elas foram incorporadas à frota, um reforço equivalente a 15% da frota anterior. A aquisição dos veículos demandou investimentos da ordem de R$ 14,5 milhões, dos quais R$ 3 milhões, aproximadamente, foram provenientes da Taxa de Incêndio.

Ainda conforme divulgado pelo CBMMG, neste ano foram entregues 38 unidades de resgate e três motos-resgate, adquiridas em 2016, “beneficiando 30 municípios, com o investimento de R$ 4,6 milhões”. Em relação aos reparos nos veículos, a assessoria de imprensa da corporação garantiu que, “no ano passado, foram investidos R$ 3,6 milhões em manutenções e R$ 2,8 milhões em peças e combustível. Para este ano, a previsão é que sejam disponibilizados R$ 2,3 milhões para a manutenção e R$ 3,4 milhões para peças e combustível”.

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Entrevias. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Entrevias poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.