Pelo trânsito seguro de crianças

Estradas

Estradas / 18 de Dezembro de 2015 / 0 Comentários
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Na última década, Brasil diminuiu em 36% as mortes de crianças no trânsito; contudo, em todo mundo, 500 meninas e meninos morrem no trânsito diariamente

A notícia é boa: o Brasil reduziu em 36% o número de mortes de crianças (0 a 10 anos) no trânsito nos últimos dez anos. Entre 2003 e 2013, a quantidade caiu de 1.621 para 1.054 vítimas. Isso mostra que cerca de 560 crianças foram salvas, sejam as ocupantes de veículos motorizados, sejam as que se deslocam a pé ou de bicicleta.

Em novembro, houve uma conferência mundial em Brasília, em um evento chamado Safe Kids Brasil, com o intuito de se abordarem os números de trânsito em relação às crianças no mundo. “Esse foi um momento importante para chamar a atenção para o problema e para que os países reforcem as medidas voltadas para proteger as crianças no trânsito”, afirma a coordenadora do projeto Vida no Trânsito, do Ministério da Saúde, Marta Silva, lembrando que o Brasil logrou reduzir as mortes de crianças no trânsito, na última década e meia, em 36%. A realização de campanhas educativas, o aumento da segurança veicular e a vigência da Lei da Cadeirinha contribuíram para essa diminuição.

Verificando-se os acidentes no trânsito e desmembrando-se seus tipos, o que fez​ as estatísticas melhorarem foi a redução do número de crianças pedestres atropeladas. Isso porque as pessoas têm andado mais de carro do que a pé. “A gente trabalha muito em cima deste assunto: dar prioridade
para o pedestre. Várias cidades já têm projetos nesse sentido, inclusive é lei em São Paulo e em Brasília, onde a pessoa pisa na via, e os carros param”, ressalta.

Em relação aos últimos dez anos, a coordenadora da ONG aponta dois grandes avanços: a lei que tornou obrigatório o uso da cadeirinha nos veículos e as novas legislações que priorizam o pedestre.
De acordo com ela, a cadeirinha para a criança é, sem dúvida, um dos grandes avanços dos últimos tempos “É a forma segura de se levar uma criança no carro. Infelizmente, a gente não pode depender
só de as pessoas se conscientizarem. Às vezes, é preciso uma lei, e a da cadeirinha foi fundamental”.​

FRENTES DE TRABALHO
Um dia antes da conferência, a organização não governamental Criança Segura reuniu 500 meninas e meninos. O número é simbólico: representa crianças que morrem todo dia, no mundo, no trânsito. “A gente fez um apelo mesmo. Fez uma foto do alto, e essa imagem saiu em vários veículos de comunicação para chamar a atenção das pessoas para a causa, a perspectiva da criança no trânsito”, explica Gabriela Guida de Freitas, coordenadora nacional da ONG Criança Segura.

A instituição atua com o intuito de reduzir os dados de acidentes a partir de três estratégias: comunicação, mobilização e políticas púbicas. Na comunicação, o foco é a causa. “A gente entende que é decisivo, para se evitarem acidentes, ter informações sobre ele. Então, quando eu estou falando
de trânsito, o que é importante saber? Primeiramente, que é o grande vilão das mortes de crianças, é uma questão grave de saúde pública. Também temos de publicar dados de como foram distribuídos esses acidentes no trânsito e dicas de como evitar os mesmos. A gente faz isso pela nossa área de comunicação – temos rede social e uma interface grande com a imprensa para levar esse assunto para a mídia –”, explica Gabriela.

A segunda estratégia da organização é a mobilização, em que se buscam pessoas para multiplicarem a causa. Isso é feito por meio de um curso a distância. A formação é gratuita, e todo mundo que tem interesse pode entrar no portal criancasegura.org.br e buscar o calendário dos cursos.

Outra frente é tentar influenciar a criação de projetos de lei que tragam mais segurança. Por exemplo, uma legislação que proporcionou mais segurança foi a obrigatoriedade da cadeirinha nos carros, vigente desde 2010. Incentivar a criação de outra, como, por exemplo, aumentar a idade mínima para andar de garupa na moto, que, hoje, é de 7 anos, também faz parte da atuação.

“Tem uma coisa bem particular de algumas regiões do país que é a moto, presente no Norte, no Nordeste e no Centro- Oeste do Brasil. A moto, por ser mais barata, acaba virando o único veículo que
a família tem. Já vimos mais de três crianças, e isso é um grande risco. Os números de mortes de crianças nas motos têm aumentado muito. Não existe capacete para crianças, e a nossa lei já é superpermissiva, pois, a partir de 7 anos, elas podem andar de moto. Nesses lugares onde a moto é o
único veículo da família, o único meio de transporte, eles levam crianças de 2 anos, 1 ano na moto. Essa é uma particularidade do Brasil e de outros países em desenvolvimento”, analisa.

CADEIRINHA NO TRANSPORTE ESCOLAR
O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) adiou, para 1º de fevereiro de 2017, o início da fiscalização
do uso de cadeirinhas no transporte escolar de crianças. Assim, apesar de a obrigatoriedade do uso desses dispositivos entrar em vigor em fevereiro de 2016, as multas aos motoristas que desrespeitarem a regra somente começarão a ser aplicadas no ano seguinte.

De acordo com o Contran, o motivo dessa prorrogação é proporcionar às empresas de transporte e aos fabricantes tempo hábil para se adequarem à regra.

A Resolução 562, de 2015, foi publicada no “Diário Oficial da União” do dia 27 de novembro.

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