Perdas Consecutivas
Transporte rodoviário de cargas amarga prejuízos seguidos desde o início da pandemia da Covid-19, de acordo com estudos da NTC&Logística
A- A A+Até 15 de junho, a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) havia realizado 13 pesquisas sobre os impactos da Covid-19 no modal rodoviário brasileiro. Os estudos foram feitos semanalmente desde a adoção de medidas de distanciamento social no país.
A demanda por transporte sofria queda de 26,9% na primeira medição, em 29 de março, e o decréscimo passou para 45,2% no pior momento da crise sanitária, em meados de abril. Na última semana analisada, houve uma melhora no indicador, que chegou a 36,8%.
“Os números parecem indicar este caminho: vêm melhorando. Se nada atrapalhar, acredito que estejamos no início da retomada, mas, para termos certeza, é preciso aguardar as próximas semanas”, afirmou o responsável pela pesquisa, Laudo Valdívia, do Departamento de Custos Operacionais da NTC&Logística. A melhora vem ao encontro da flexibilização do distanciamento que começa a ocorrer em várias cidades brasileiras, como São Paulo.
No entanto, o levantamento também mostrou que, mesmo com a tímida recuperação, as empresas tiveram grandes quedas no faturamento. Em meados de maio, o índice chegou a 94%.
O presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio, disse que a situação ainda é preocupante. “Estamos torcendo para que a retomada aconteça, mesmo que aos poucos, dando atenção e tomando os devidos cuidados com a higiene para manter a saúde de todos os envolvidos”, afirmou.
Para as cargas de pequeno volume, fracionadas, a sondagem mostrou crescimento, mas o percentual continua negativo, em 31,23%. Para as cargas que ocupam toda a capacidade dos veículos, a retração chegou a 37% na pesquisa de 15 de junho. Já no setor de agronegócio, a queda foi de 32,36%. O pior recuo identificado foi na indústria automobilística, 56,1% no período. As análises continuarão a ser feitas pela associação até o fim da pandemia.
Durante uma live em maio, o presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Vander Costa, falou sobre o futuro da atividade transportadora no país após a crise causada pela Covid-19. Segundo ele, o transporte deverá implementar normas de assepsia e aumentar a higienização. A CNT, de acordo com Costa, está acompanhando as experiências da China e da Europa para trazer boas práticas ao Brasil.
Produto Interno Bruto
O impacto negativo da pandemia no modal rodoviário refletiu-se na economia, naturalmente. O PIB do setor caiu 2,4% no primeiro trimestre de 2020 na comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com o Boletim Conjuntura do Transporte, divulgado pela CNT em maio, o transporte de cargas tende a ser um dos mais afetados pela crise. Isso porque ele já amargava perdas antes mesmo da pandemia e das medidas de distanciamento social, com investimentos em queda e elevada ociosidade da mão de obra e de máquinas e equipamentos.
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