Treze mandados de prisão e 18 de busca e apreensão foram cumpridos pela Polícia Federal (PF) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Estado de São Paulo durante a operação Cacaria, montada para desarticular uma associação criminosa especializada em roubo de caminhões e cargas. O grupo investigado também é responsável pelo sequestro de caminhoneiros.
A ação, ocorrida em maio, contou com o apoio da Polícia Militar, da Polícia Militar Rodoviária e da Polícia Rodoviária Federal. A investigação, conduzida pela Delegacia de Polícia Federal em Campinas, teve início em janeiro deste ano a partir de informações sobre a ação de suspeitos na região metropolitana da capital paulista e também no interior do Estado. O ponto de partida foi um roubo de carga que aconteceu em Itapecerica da Serra, em dezembro último.
Os policiais responsáveis pelo caso apuraram que os criminosos agiam com bastante violência contra as vítimas, tendo provocado a morte de uma delas e ferido gravemente outra, que precisou ser internada na UTI por conta de diversas fraturas.
“O grupo criminoso abordava veículos em baixa velocidade (perto de pedágios) ou estacionados para descanso do motorista, invadindo com violência as cabines e subjugando as vítimas. Rendidas, elas eram levadas até cativeiros localizados em matagais próximos aos locais dos roubos, amarradas e sempre ameaçadas de morte”, informou a PF.
Enquanto os motoristas eram mantidos em cárcere, o grupo utilizava bloqueadores de sinal (jammers) para evitar a localização da carga e ainda exigia transferências via pix.
Além de cumprir mandados contra os suspeitos de cometer os roubos propriamente ditos, a operação teve como alvos ao menos dois integrantes da quadrilha apontados pela investigação como receptadores e distribuidores das peças dos veículos roubados e dois envolvidos na morte de um dos caminhoneiros.
“Os investigados responderão pelos crimes de associação criminosa, roubo e latrocínio, cujas penas somadas podem chegar a 50 anos de prisão”, detalhou a Polícia Federal, detalhando ainda que Cacaria significa “grupo de ladrões”.
Perigo na pista
A violência sofrida pelos profissionais de transporte rodoviário de cargas é um problema crônico no país. O último balanço divulgado pela Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), em junho do ano passado, mostra que, embora os registros de roubos de cargas tenham diminuído 9,1% em 2023, na comparação com 2022, os números se mantinham em um patamar elevado: 13.089 ocorrências.
A região Sudeste continuou concentrando o maior número de casos, com 85,18% do total, seguida pelas regiões Sul (6,12%), Nordeste (4,66%), Centro-Oeste (2,81%) e Norte (1,23%). Em termos monetários, as perdas somaram cerca de R$ 1,2 bilhão em todo o país.
A pesquisa identificou que alimentos, combustíveis, produtos farmacêuticos, autopeças, materiais têxteis e de confecção, cigarros, eletroeletrônicos, bebidas e defensivos agrícolas foram as mercadorias mais visadas por quadrilhas e grupos criminosos.
“Temos acompanhado de perto a situação do roubo de cargas há mais de 25 anos junto à nossa área de segurança. A cada ano, vemos os números reduzirem, mas, mesmo assim, precisamos continuar combatendo [esse crime] para que um dia consigamos não ter que apresentar dados como esse”, frisou o presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio, na época.
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