Perigo na madrugada
Jovens de 18 a 25 anos se envolvem mais em acidentes nesse período; considerando conjunto de sinistros abertos, 88,3% resultam em indenização parcial, e 8%, em total
A- A A+Uma pesquisa realizada pela Liberty Seguros, dentro de sua base de clientes, revela que, quando comparados com condutores de outras faixas etárias, os motoristas de 18 a 25 anos são responsáveis pela maior parte dos acidentes com indenização total no período da madrugada. Ao todo, foram avaliados 155.726 sinistros em todo o país no período entre agosto de 2014 e julho de 2015.
O tipo de indenização recebida pelo segurado é um dos indicadores considerados pelo estudo. Levando-se em conta o conjunto de sinistros abertos, 88,3% resultam em indenização parcial, e 8%, em indenização total. Ao mapear os horários mais frequentes de ocorrências, o levantamento da Liberty Seguros identifica que, comparada às outras faixas horárias, a madrugada concentra a maior proporção (53,5%) de acidentes graves, que resultam em indenização total. O período da noite está em segundo lugar no ranking (18%), seguido pela manhã (15%) e pela tarde (13,5%).
Na análise feita por faixa etária, verifica-se que os jovens de 18 a 25 anos se envolveram em 10.935 dos acidentes avaliados, sendo que a maioria deles (33,7%) aconteceu no período da tarde, seguidos pela noite (31%), pela manhã (25%) e pela madrugada (10,3%). Desse conjunto, 14% chegam à indenização total, sendo que a madrugada concentra 34,7% das ocorrências com esse tipo de indenização.
O levantamento também mostra que os motoristas de 26 a 35 anos se envolveram em 24.206 acidentes (15,5% do total). Desses, a maior parte ocorreu à tarde (35,9%). Assim como no caso dos jovens, nessa faixa etária, a maioria dos acidentes graves, que resultam em indenização total, se deu no período da madrugada (27,6%).
Um dado que chama a atenção na pesquisa é o fato de que os motoristas com idade superior a 55 anos são os que menos participam de acidentes que chegam à indenização total quando comparados com os condutores de outras faixas etárias. Apenas 8,3% das ocorrências desses segurados são consideradas graves. De acordo com o diretor de operações e sinistros da Liberty Seguros, Dennis Milan, os motoristas acima de 55 anos têm um comportamento mais conservador ao volante. “De um modo geral, eles utilizam o carro com menor frequência e para percorrerem distâncias mais curtas, trafegam a velocidades mais baixas, não se distraem tanto com o celular e respeitam mais as sinalizações com o intuito de minimizarem o risco de receberem multas”, avalia.
GATOS NÃO SÃO PARDOS
O diretor explica que o fato de os motoristas de 18 a 25 anos serem os maiores responsáveis pelos acidentes com indenização total e ocorridos de madrugada deve-se a vários fatores, os quais, isolados ou em conjunto, ampliam a probabilidade de acidentes: cansaço por excesso de trabalho ou festas, consumo de álcool, utilização de celular ao volante, brincadeiras entre amigos dentro do veículo, ansiedade para chegar rápido em casa, ofuscação da visão por faróis e luminosos, dentre outros.
Segundo Milan, é mais perigoso conduzir de madrugada por diversos motivos: baixa luminosidade das vias, o que dificulta a percepção de alguém que se aproxima do veículo; poucos transeuntes e carros nas vias, o que facilita a abordagem e a fuga, diminuição do policiamento extensivo e veículos estacionados em vias públicas sem a proteção de um estacionamento ou sem vigilância.
O advogado gaúcho Manoel Pedro Silveira Castanheira ilustra as estatísticas da Liberty Seguros. Desde os 18 anos, sofreu quatro acidentes com perda total do veículo. Os dois primeiros foram, respectivamente, aos 18 e aos 24 anos. Os outros ocorreram aos 28 e aos 34 anos de idade. Segundo ele, o perigo em dirigir de madrugada está nos excessos, já que a ausência de controle e de tráfego facilita as situações de risco. Apenas um dos citados acidentes automobilísticos, o que ocorreu aos 28 anos, foi no período da madrugada.
Quando indagado se acredita que os jovens são mais imprudentes no trânsito, Castanheira diz ser a imperícia o conceito mais adequado. “Os jovens são mais imperitos. Dentro de uma modalidade de culpa, primeiramente, são imperitos; em segundo e em terceiro lugares, respectivamente, ficam a negligência e a imprudência”, avalia.
O estudo também analisou indicadores de roubos e furtos. Independentemente da faixa etária do segurado e quando comparada a outros períodos de horário, a incidência desse tipo de ocorrência é maior na madrugada (36,5%), seguida pela noite (33%), pela manhã (17%) e pela tarde (13,5%). A maioria dos segurados que tiveram seus carros roubados ou furtados no período analisado tem entre 26 e 35 anos, e o menor índice desse tipo de ocorrência é entre os condutores de 18 a 25 anos.
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