Pista molhada, atenção redobrada

A chuva é bem-vinda. Contudo, em estradas pode oferecer contratem­pos e contribuir para a ocorrência de acidentes. Por isso, em pista com água, motoristas devem tomar imenso cuidado para não colocarem suas vidas e as dos de­mais condutores e passageiros em risco.

Segundo a especialista em mobilidade da Perkons – empresa que desenvolve e aplica tecnologia para segurança no trân­sito –, Idaura Lobo Dias, os maiores fatores de perigo aos motoristas e pedestres são a aquaplanagem, a baixa visibilidade, os ato­lamentos e os atropelamentos.

Assim, dirigir na chuva é uma oportuni­dade para a cautela. É preciso que se man­tenha uma velocidade segura, além de se guardar uma distância de, no mínimo, 10 m do carro da frente. Se o carro não contar com freios ABS, é importante que a velocidade máxima seja reduzida em cerca de 10% a 20%. “Fique atento à altura da água. O risco de um acidente aumenta se ela estiver com a altura de 10 a 20 cm do solo. O motorista deve avaliar se vale a pena parar ou enfrentar situações adversas em casos de alagamento, como um curto-circuito ou uma pane no sistema elétrico do carro, o que fará com que o automóvel pare em meio ao tem­poral”, explica Idaura.

RESPEITO

Caminhões e ônibus devem se manter um pouco afastados dos veículos de passeio, pois, durante a chuva, existem chances de a água ser atirada no vidro dos veículos, fa­zendo com que os condutores se assustem e percam a visibilidade e o controle do veículo.

Os pedestres, sobretudo, merecem cui­dados. “Imagine-se no lugar do pedestre quando um carro joga água nela. É impor­tante que todos tenham cautela redobrada ao dirigirem para não causarem esse tipo de transtorno aos demais. Além de respei­tar os pedestres, você evita uma multa de R$ 85,13 e quatro pontos na carteira, con­forme determina o artigo 171 do Código de Trânsito Brasileiro. Fique atento também à possibilidade de algum pedestre cruzar a rua à sua frente. As condições de visibi­lidade nesse tipo de situação não são as melhores”, enfatiza Idaura.

De preferência, os condutores devem evitar as áreas mais escuras. Nunca é de­mais dizer que, em dias de chuva, a visibili­dade diminui. Então, o perigo aumenta não somente pelo aguaceiro que se forma, mas também pela dificuldade em se visualizar o cenário à volta. A visibilidade em meio a tempestades pode ser extremamente baixa, aumentando a chance de acontecerem aci­dentes. Se o condutor do veículo já estiver fora de casa, deverá parar e evitar sair do carro, justamente para não ser vítima de um atropelamento devido à baixa visibilidade.

DICAS

Outra dica é acender as lanternas e os faróis baixos para permitir que o carro seja visto por outros condutores. Sob chuva, ande sempre com o limpador de para-bri­sas funcionando. A palheta do limpador precisa sempre estar em dia. Cheque-a e troque-a sempre que necessário, pois, se começa a chover, o condutor depende dela para ter visibilidade. “Cuidado para não atolar. Para prevenir situações de ato­lamento na lama, dirija bem devagar, em primeira ou segunda marchas, evitando as margens da estrada. Quando fizer uma curva fechada, buzine para alertar outros veículos de sua presença”, ressalta Idaura.

A especialista salienta que, em caso de atolamento, o condutor deve retirar todo o peso do carro, inclusive os passageiros. Em seguida, ele precisa avaliar a extensão e a profundidade do atoleiro e escolher o me­lhor caminho a seguir para evitar repetir a situação mais à frente. Depois, deve colo­car pedras, galhos e folhas para calçar os pneus e fazer rampas suaves para tirar a lama da frente das rodas. Ao arrancar, pre­cisa a segunda marcha e tentar sair sem acelerar muito. Se não conseguir retirar o veículo e/ou se as rodas estiverem afun­dadas pela metade, é mais aconselhável chamar um guincho.

CAUTELA SEMPRE

É necessário sempre manter a cal­ma. Em qualquer adversidade, quem vai ajudar o motorista a tomar as melhores decisões será a serenidade. Em dias de chuva, ocorrem tantos transtornos que fica fácil se irritar. Entre aquaplanagens, erros de outros condutores (até nossos mesmo) e alagamentos, evite o estresse: quanto mais calmo você estiver, mais facilmente você escolherá as melhores saídas para os problemas que aparecerem.

Para evitar casos de aquaplanagem/ hidroplanagem, antes de sair de casa, confira os pneus: se eles estiverem “ca­recas”, deixe o carro na garagem. Essa condição deles pode causar acidentes, pois diminui ainda mais o atrito com o chão. O deslizamento do carro sobre a camada de água (aquaplanagem) costuma ser ocasio­nado pela perda de tração dos pneus, o que pode ser agravado conforme seu des­gaste. Os sulcos devem ter, no mínimo, 1,6 mm de profundidade.

Se o seu carro aquaplanar, mantenha a calma, retire imediatamente o pé do ace­lerador, não pise bruscamente no freio e segure firmemente no volante para manter as rodas retas. Quando os pneus retoma­rem o contato com o solo, gire levemente a direção de um lado para o outro para sentir que o veículo recuperou a aderência. Caso o carro possua freios ABS (que não deixam as rodas travarem), aplique a força no pedal do freio, mantendo-o pressiona­do até o controle total do veículo.

Ao dirigir um caminhão em dia de chuva, atente-se para particularidades nos cuidados com o veículo e na condu­ção. Idaura explica que, assim como para os outros carros, a redução da velocidade amplia as chances de sucessos caso uma frenagem seja necessária. Os veículos pe­sados têm o agravante das dimensões e do peso. Dependendo da velocidade, se houver uma mudança brusca de direção, por exemplo, ele poderá perder a aderên­cia facilmente, pois a pista está com água e sujeira. Faça movimentos ainda mais suaves e aumente a distância entre você e o veículo da frente. Qualquer distração durante a chuva pode resultar em um aci­dente. “Evite as ultrapassagens, que são, naturalmente, situações perigosas e pio­ram em dias de chuva por causa da visibi­lidade e da velocidade que precisarão ser desenvolvidas. Não corra risco desneces­sariamente. Se a chuva estiver muito forte e a visibilidade, comprometida, pode ser melhor para o veículo. Encontre um local apropriado para isso (um posto de apoio ao caminhoneiro ou um restaurante). Só pare no acostamento se for uma situação de emergência”, orienta.

Em estradas não pavimentadas, os ca­minhões atolam com mais facilidade, e o transtorno pode ser grande. Fique atento à rota que vai seguir, informe-se sempre que possível e mude o caminho de acordo com as melhores condições.