Planejar é preciso
Em tempos de crise, cidadãos e empresários brasileiros devem dosar, mais do que nunca, seus gastos e poupar
A- A A+Todo início de ano é repleto de esperanças, expectativas e planos. Depois das confraternizações do Natal, do encontro com a família e com os amigos (com a tradicional troca de presentes) e das férias (um custo que não pesou no bolso nos meses anteriores), as pessoas começam 2016 com mais uma situação presente em todos os inícios de ano: as despesas de janeiro, além das dívidas contraídas em dezembro.
Este mês é caracterizado por uma série de gastos que não ocorrem ao longo do ano tipicamente, como o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), o pagamento de matrícula das escolas, de material escolar etc. Acrescentem-se a isso as dívidas oriundas do fim do ano, como os gastos feitos com as confraternizações e as viagens de férias. Trata-se de um conjunto de compromissos financeiros que necessitam de um planejamento para que o cidadão possa lidar com isso sem entrar em estado de quase falência.
E qual é a fórmula para organizar esses gastos? Como planejar de modo que eles possam caber no orçamento que, de uma maneira geral, teve reajustes salariais menores ou iguais à inflação? Como organizar as finanças pessoais de maneira a permitir o atendimento dos gastos obrigatórios? Ricardo Macedo, economista e professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, ajuda-nos a responder essas questões, que se resumem a uma palavra: planejamento. “Precisamos pensar em termos de planejamento orçamentário familiar para os 12 meses, momento em que construímos a capacidade de atender aos gastos maiores do fim e do início do ano. O que deve ser observado, o que é mais importante, é que as pessoas precisam construir uma capacidade de poupança. E como fazer isso? Gastando menos e planejando melhor os gastos”, orienta Macedo.
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
O professor afirma que existem técnicas para planejar os custos. Quanto aos gastos familiares, é preciso conversar com o cônjuge para analisarem as finanças planejarem investimentos financeiros e, eventualmente, definirem a melhor alternativa de aplicação dos recursos que sobrarem, para que, no fim de determinado período, haja uma poupança minimamente razoável, seja para fazer frente a gastos inesperados, seja para fazer frente a algum desejo que o indivíduo tenha. “Em linhas gerais, é importante que as pessoas tenham algum grau de educação financeira para melhor planejarem suas finanças, seja para atenderem a esses gastos de início de ano, seja para terem um comportamento econômico estável durante os meses”, diz Macedo.
O economista ressalta que, normalmente, o brasileiro, desde que tenha prazo e o gasto caiba no orçamento, opta por financiar as despesas. “Contudo, esse comportamento afeta a renda” porque todo mês haverá prestações para serem pagas, comprometendo a disponibilidade de recursos que sobraram. Nesse sentido, parcelar a dívida não é o melhor caminho a ser seguido em despesas como IPTU e IPVA, já que, pagando-as à vista, o cidadão recebe desconto”.
O especialista completa que, atualmente, o não-pagamento de juros é um grande negócio. Desde o início do ano, a pessoa precisa se planejar para as despesas do período seguinte, pois não há como como fugir delas. O professor ressalta que a inadimplência tem subido. “Os indivíduos perdem o emprego e não têm uma renda certa para fazerem frente a esses gastos. Então, se você não tem poupança, vai ficar inadimplente. É o processo que ocorre naturalmente, principalmente neste cenário crítico em que vivemos”.
GESTÃO DE NEGÓCIOS
Para os negócios, neste período de crescimento econômico retraído, o que tem de ser feito? Como fazer com o orçamento? Como observar os gastos? Como buscar formas de aumentar a receita da empresa? É necessário fazer uma nova gestão de negócios, seja sob o ponto de vista dos custos, seja sob o ponto de vista de estratégias para aumentar as receitas.
Segundo Ricardo, o que deve ser enfocado é como otimizar essas despesas, o que pode ou não ser cortado e o que é prioridade. Do ponto de vista estratégico, devem-se buscar estratégias para aumentar a receita. E como fazer isso? “É preciso ir atrás de novos mercados, diversificar, procurar alternativas, verificar a possibilidade da fusão com outras empresas, enfim, estabelecer estratégias com vistas à expansão da receita no período turbulento que estamos vivendo”.
O economista acredita que as pequenas empresas devem aumentar o lucro para continuarem na atividade. “Com o cenário de incerteza no Brasil, a tendência é que as pessoas não queiram aumentar o negócio. Então, provavelmente, a saída será o corte de gastos, de custos em alguma parte da atividade, podendo ser reduzido até mesmo o número de funcionários, por exemplo”, conclui.
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