O mercado de transporte rodoviário de cargas está todos os dias abrindo espaços e oportunidades para a mulher, especialmente a caminhoneira. No mês de março, quando é comemorado o Dia Internacional da Mulher, várias iniciativas foram divulgadas no sentido de garantir a presença e a permanência de mais caminhoneiras nas estradas.
A Iveco, por exemplo, divulgou uma parceria com o Serviço Social do Transporte e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat) para qualificação profissional de caminhoneiras. A iniciativa tem o objetivo de impulsionar a carreira de mulheres no transporte e reforçar a inclusão feminina em um segmento que ainda é predominantemente masculino. A caminhoneira Suelen Lopes, embaixadora da Iveco, terá participação na ação que tem o tema “Na estrada, eu crio minha história”.
O programa terá aulas no formato híbrido e contempla situações reais na condução de um caminhão. E prevê a criação de oportunidades de emprego na própria rede de clientes e fornecedores Iveco. As inscrições são feitas pelo site www.iveco.com.br/caminhosparaelas e é preciso ter habilitação C, D ou E.
Em Canoas, no Rio Grande do Sul, a Transportes Silveira Gomes também anunciou a abertura de uma escola para mulheres motoristas carreteiras. A empresa precisa dessas profissionais e abriu vagas para ensinar e empregar as mulheres que devem ter carteira de habilitação categoria E e residir na cidade de Canoas.
Outra empresa que anunciou ações para a mulher caminhoneira foi a PepsiCo. Desde 2022, a empresa tem o programa Frota para Elas, que impulsiona a presença de mulheres na área de logística. Hoje, o time de transportes da empresa conta com 16 carreteiras e cinco carretas adesivadas com fotos das mulheres do time.
Neste ano, a empresa anunciou que está intensificando a oferta do curso de formação para mulheres carreteiras, que é feito em parceria com a Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte (Fabet). O curso tem aulas práticas e teóricas e um comitê para dar suporte às necessidades apresentadas pelas mulheres.
Realidade
Dados do Ministério das Cidades mostram que são 150 mil mulheres no país aptas a dirigir veículos pesados. O número apresentou crescimento nos últimos anos, mas ainda representa menos de 7% das 2,3 milhões de pessoas habilitadas a dirigir caminhões e carretas no país.
Recentemente, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) divulgou o resultado da pesquisa “Realidade e desafios das caminhoneiras nas estradas”. Os pontos de parada e descanso e os postos de combustíveis foram os locais apontados como de maior insegurança nas estradas na visão delas. Quase 49% das mulheres apontaram esses locais como inseguros para elas.
Cerca de 90% das motoristas disseram que já sofreram preconceito com a profissão por serem mulheres. E 77,8% responderam confirmando já ter sofrido assédio sexual no exercício da profissão. A maioria, 87,5%, apontou que frequentemente tem sua capacidade de ser caminhoneira subestimada pelo fato de ser mulher.