Prato salgado
Estudo mostra que brasileiro consome quase o dobro do sal recomendado para a alimentação diária
A- A A+Pela primeira vez, um estudo populacional foi feito com amostras biológicas para medir a quantidade de sal ingerida pelos brasileiros. O resultado mostrou que o consumo diário de sódio é de 9,34 gramas, quase o dobro do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 5 gramas por dia. O levantamento usou análises de sangue e de urina de aproximadamente 9.000 brasileiros e foi divulgado em dezembro.
A coleta das amostras foi feita entre 2013 e 2014, em 8.952 domicílios do país, durante a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). De acordo com informações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o levantamento permitiu que se estabelecessem parâmetros nacionais para valores de referência laboratoriais. O estudo foi realizado por meio de uma parceria entre a Fiocruz, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ministério da Saúde, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
O resultado apontou que homens e jovens são a maior parte dos brasileiros que abusam do sal e que o uso elevado do condimento está presente em todas as faixas etárias e níveis de escolaridade. Apenas 2,39% das pessoas pesquisadas consomem uma quantidade abaixo da recomendada pela OMS. Nesse grupo estão, predominantemente, mulheres e idosos. O excesso – mais de 12 gramas por dia – foi identificado com frequência em homens.
Os pesquisadores alertam para que as campanhas e os programas de redução do consumo de sal cheguem a todas as camadas da população, e não apenas a grupos específicos, como pessoas hipertensas e com doenças renais.
Análises
Os participantes da pesquisa fizeram exames de sangue, nos quais foram analisados: hemoglobina glicada, colesterol total e frações, sorologia para dengue, hemograma séries vermelha e branca, cromatografia líquida de alta eficiência para o diagnóstico de hemoglobinopatias e creatinina. Nas amostras de urina, foram analisados níveis de potássio, de sódio e de creatinina.
“Os valores de referência tornam-se muito importantes não só para o diagnóstico como também para o tratamento”, afirmou a coordenadora da PNS 2013 e integrante do Laboratório de Informação e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fiocruz, Célia Landmann Szwarcwald. “É um trabalho importante também diante das características do Brasil, um país marcado pela miscigenação, com uma grande diversidade de raças, etnias, povos, segmentos sociais e econômicos”, completou.
Os resultados, segundo a coordenadora-geral de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Luciana Sardinha, permitem direcionar as políticas públicas para as necessidades apontadas nas análises. “É importante para induzir e fortalecer o que está se pensando como ações e programas do Ministério da Saúde. A gente consegue pegar as informações e ver o que há de medicamentos, prepara a atenção primária, subsidia a ação do serviço público de saúde”, destacou Luciana.
Na prática
A primeira medida para reduzir o consumo diário de sal é evitar alimentos industrializados, processados, congelados ou enlatados. Deixar o saleiro longe da mesa durante as refeições também é uma ação importante.
O limite recomendado pela OMS é equivalente a uma colher de chá. Consumir pouco sal é fundamental para manter a pressão arterial normal e evitar problemas cardíacos e trombose. O sódio em excesso ainda pode agravar doenças já existentes, como a hipertensão e problemas nos rins ou no coração.
Alimentos ricos em potássio, como beterraba, laranja, espinafre e feijão, ajudam a diminuir os efeitos do sal no organismo. Normalmente, ao fim de três semanas de redução, as papilas gustativas e o cérebro já se acostumam com a alteração do sabor. Por isso, é recomendado retirar o sal da alimentação gradativamente. (Com a Agência Brasil)
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