Quando deixar o volante

Segundo pesquisa, idade média do motorista brasileiro está entre 30 e 39 anos. Mercado valoriza experiência na estrada.

Comportamento / 02 de Novembro de 2016 / 0 Comentários
A- A A+

Uma rotina desgastante, falta de hábitos saudáveis, grande esforço físico. Esses fatores fazem com que os motoristas tenham uma idade limite para se aposentar? A Confederação Nacional do Transporte (CNT) fez um estudo para avaliar o perfil dos caminhoneiros brasileiros e concluiu que, entre os motoristas de frotas, 39,7% estão na faixa de 30 a 39 anos. Os dados foram colhidos em 2015 e apresentados neste ano. Atualmente, ainda vale no Brasil para esses profissionais a aposentadoria especial, com 25 anos de contribuição, independentemente da idade e sem redução pelo fator previdenciário se o trabalho tiver sido iniciado antes de 28 de abril de 1995.

De acordo com Altair Graciano, gerente de frota da Ativa Logística, os motoristas da empresa estão entre os 30 e os 42 anos. A Ativa, segundo ele, valoriza o profissional que já tem experiência na estrada. “Numa seleção, opto por motoristas com a maturidade que vem a partir dos 27, 28 anos, tanto para o ramo rodoviário quanto para o urbano. O transporte é uma responsabilidade muito grande, tanto com a carga, quanto civil, em relação a outros usuários das rodoviárias, passageiros, famílias etc. Acima dessa idade, não vejo problema. O que vale é a experiência no volante, o que reflete uma segurança maior”, afirma Graciano.

Altair conta que há uma preocupação muito grande no momento da contratação do motorista. Segundo ele, uma dica é que os motoristas mais velhos façam as viagens mais curtas e os mais novos, as mais longas. “A experiência que os motoristas mais velhos têm é importante, inclusive para serem exemplos para os demais”, salienta. Na prática, conforme ele diz, não é possível avaliar qual a idade ideal para o motorista se aposentar. “Os profissionais que estão na estrada há muitos anos são altamente qualificados e conhecem muito bem o procedimento dos transportes, o que faz com que eles tenham um valor muito grande para as empresas”. No entanto, segundo ele, é comum ver motoristas acima dos 60 anos e mais de 30 de volante deixando a profissão pelo desgaste que a função provoca.

SAÚDE É DIFERENCIAL

Márcio Oliveira, gerente de recursos humanos da TA Logística, informa que a faixa etária média dos motoristas da empresa é 45. O funcionário de idade mais avançada na transportadora, de acordo com ele, tem 65 anos e está na empresa há 40. Oliveira enfatiza que esse não é um requisito para a contratação de um motorista. “Eu não elimino nenhum candidato a uma vaga pela idade. O que observamos são as condições da pessoa e se ela possui saúde para fazer o trabalho. Independentemente da idade, nós contratamos”, assegura. Prova disso está na última contratação feita pela empresa, de um profissional de 59 anos.

Márcio não vê problemas na idade avançada dos motoristas, e, sim, qualidades. “Quando o candidato a motorista é mais velho, ele trata o emprego como uma profissão. Se é mais novo, ele encara como uma alternativa para se virar no mercado de trabalho, não como uma profissão mesmo. É apenas uma forma de ele conseguir uma renda para se sustentar”, explica.

Para o gerente de recursos humanos, a idade está ligada à responsabilidade. Segundo ele, um motorista mais velho trata a profissão como ela deve ser tratada, ou seja, muito atento a critérios de segurança, à economia do combustível, entre outros fatores. “Ele, de fato, é mais responsável não só com a vida dele, mas com a carga e com os que transitam nas rodovias. Enfim, ele não só pega o caminhão e o leva de um ponto para outro. Nosso motorista mais novo tem 29 anos”, relata. Para Márcio, o condutor com idade abaixo dessa deve fazer viagens curtas e dirigir caminhão menor. As carretas, segundo ele, normalmente são conduzidas por motoristas de 40 anos, que também fazem as viagens mais longas.

Márcio acredita que a nova geração não quer ser motorista. “Antigamente, esse profissional tinha um filho que seguia a profissão do pai. Hoje, não. Os filhos já não querem mais ter essa profissão. E a idade para parar de trabalhar varia. Tenho motoristas hoje que são aposentados e continuam trabalhando”, conclui.

“A experiência que os motoristas mais velhos têm é importante,

inclusive para serem exemplos para os demais.”

Altair Graciano, gerente de frota

 

“Quando o candidato a motorista é mais velho,
ele trata o emprego como uma profissão.”

Márcio Silva, gerente de recursos humanos

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Entrevias. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Entrevias poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.