Era 2010 quando José Acácio Carneiro participava ativamente nos diversos espaços, inclusive na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pedindo e debatendo a importância da implementação de rampas de escape para caminhões nas rodovias. A luta dele não foi em vão, mas demorou para virar realidade. Somente em 2023, as áreas de escape viraram realidade no Brasil e, especialmente no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, já salvou muitas vidas.
Por isso, as entidades e os amigos de Zé Carneiro se mobilizaram para ver seu nome batizando a área de escape do Anel Rodoviário de Belo Horizonte. E a homenagem está perto de acontecer. Isso porque o deputado federal Toninho Wandscheer (PP/PR) entrou com projeto de lei em julho do ano passado, e, rapidamente, ele tramitou sem apresentação de emendas, o que pode acelerar o processo.
O objetivo do PL 3400/2023 é que a área de escape situada no KM 542 da rodovia BR-040, no trecho do Anel Rodoviário, seja denominado José Acácio Carneiro. O dispositivo de segurança fica perto do local onde Zé Carneiro sofreu acidente e faleceu, em janeiro de 2013.
Entidades representativas do transporte rodoviário de cargas em Minas e no Brasil solicitaram às autoridades locais esse “batismo” assim que a área de escape ficou pronta. No entanto, todas as informações levaram a um projeto de lei que deveria ser movido na Câmara Federal. O deputado Toninho, então, abraçou a causa e entrou com o pedido de tramitação.
O projeto passou pelas comissões de Viação e Transportes; Cultura; Constituição e Justiça; e de Cidadania, e teve apreciação conclusiva em todas elas.
“Nos cargos que ocupou, ele foi incansável na luta por melhorias das condições de segurança de todo o Anel Rodoviário, especialmente pela redução de acidentes no trecho próximo ao bairro Betânia”, afirmou o parlamentar. “José Acácio lutou pela construção da referida área devido à ocorrência de diversos sinistros de trânsito envolvendo veículos de carga de grande porte, os quais se deparam com a perda de eficácia do sistema de freios em decorrência do grande trecho em declive no local”, completou Toninho em sua justificativa.
Zé Carneiro morreu em janeiro de 2013. Ele estava parado em engarrafamento causado por acidente num trecho próximo ao Anel Rodoviário quando seu veículo foi atingido por uma carreta na altura do bairro Jardim Canadá. “Pela justa homenagem, apoiada por entidades representativas de todo o segmento de transporte de cargas de Minas Gerais e correlatas, esperamos ver nosso projeto aprovado”, disse Toninho.
Geraldo Eugênio de Assis, diretor-geral da Entrevias e presidente do Grupo de Resgate Anjos do Asfalto, amigo de Zé Carneiro, iniciou a mobilização em 2022, assim que o espaço finalmente foi entregue à população.
Um documento foi redigido pedindo que o nome dele fosse dado ao local. Para Geraldo, é uma justa homenagem dar à área de escape o nome de Zé Carneiro, que marcou o transporte rodoviário. “Ele dedicou a vida em favor de seus ideais e potencializou muito o setor, inclusive defendendo melhorias em rodovias como o Anel Rodoviário. Merece o reconhecimento. Foi um homem muito íntegro”, destacou.
O presidente da Associação Particular de Ajuda ao Colega (Apac) Sul, Marcio Arantes, disse que Carneiro deixou um grande legado. “Ele sempre correu atrás para melhorar a situação dos caminhoneiros e do setor. Tinha um ideal no transporte e era sempre preocupado com a segurança de todos. O segmento deve muito ao Zé Carneiro. Lembro-me de que ele lutava por um frete melhor, por melhorias na segurança do Anel Rodoviário. É uma homenagem justa e merecida”, afirmou.
Carneiro foi um defensor de melhorias nas rodovias de Minas. Ele era presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Minas Gerais e da Cooperativa Mista de Transporte de Cargas, Passageiros e Consumo do Estado de Minas Gerais (Cotracargem).
Na época, o sindicato defendia os interesses dos transportadores de minério da região de Itabirito e Congonhas. Também era representante do Movimento União Brasil Caminhoneiro em Minas.
Área de escape
A área de escape foi construída pela Prefeitura de Belo Horizonte e, até março deste ano, já havia evitado 32 acidentes em um dos trechos mais perigosos do Anel Rodoviário, sendo 19 envolvendo veículos leves e 13 envolvendo caminhões, carretas, ônibus e um guindaste.
A situação entre os pesados é parecida: perda do freio na descida da rodovia. Segundo a prefeitura, campanhas educativas são feitas periodicamente junto aos caminhoneiros para alertar sobre a importância do uso da área de escape em caso de problemas com os freios.
O projeto da área de escape foi desenvolvido pela BHTrans, e a execução da obra, feita pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) num valor total de R$ 3,5 milhões. A estrutura é composta por uma caixa de concreto preenchida com argila expandida, chamada cinasita, que aumenta o atrito e reduz a velocidade do veículo.