Refluxo: não ignore!

Especialista diz que a doença é comum em adultos e que, sem tratamento, pode evoluir para um câncer no esôfago

Saúde / 10 de Fevereiro de 2020 / 0 Comentários
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Temor de mães e de pais de bebês, o refluxo é uma doença mais comum em adultos do que se pode imaginar. Ao contrário do que muita gente pensa, ele não é apenas um mal-estar e precisa do tratamento correto a tempo. A estimativa do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva é que o problema atinja aproximadamente 12% da população brasileira, ou seja, mais de 25 milhões de pessoas. Caso não seja tratado da maneira correta, ele pode desencadear até um câncer no esôfago.

Segundo o gastroenterologista especialista em cirurgia e endoscopia bariátricas Henrique Eloy, o quadro pode ser revertido com uma simples mudança de hábitos, já que os maiores gatilhos do refluxo são a alimentação desregrada e a má qualidade de vida. “A obesidade é uma das principais causas. Além de aumentar a pressão intra-abdominal, que provoca o refluxo, ela é responsável pela hérnia de hiato, que também predispõe o surgimento da doença”, afirma Eloy.

Para as pessoas que trabalham sentadas por muito tempo, como os motoristas, é importante tomar alguns cuidados extras, conforme recomendado pelo médico. “Não há dúvida de que permanecer por um longo período de tempo sentado seja ruim para a digestão. Isso faz com que o alimento permaneça por mais tempo no estômago, proporcionando o aparecimento do refluxo. Ou seja, parte desse alimento, em vez de seguir o caminho correto da digestão, pode fazer o caminho retrógrado e voltar para o esôfago”, explica o especialista.

Nesse caso, segundo ele, a indicação é fazer uma caminhada leve após a refeição para ajudar no trânsito alimentar. A contraindicação, por outro lado, é deitar-se logo após comer. “Isso faz com que o alimento que chegou ao estômago e, provavelmente, distendeu o órgão, volte para o esôfago. Então, o ideal para essas pessoas é sempre fazer uma caminhada depois das principais refeições para melhorar a digestão”, ressalta.

As pessoas que têm refluxo devem evitar alguns tipos de alimentos, como café, água mineral gasosa, refrigerantes, bebidas alcoólicas, sucos de frutas ácidas e frutas como laranja, abacaxi, limão, kiwi e maracujá. Comidas gordurosas também não são indicadas aos pacientes, assim como chocolate, pimenta e vinagre.

“Outra questão de extrema importância é a obesidade, porque o refluxo anda de mãos dadas com ela. Se a pessoa engorda, o refluxo piora, com certeza. E, assim, se a pessoa perde peso, ela apresenta uma melhora surpreendente dos sintomas relacionados ao refluxo gastroesofágico”, diz Eloy.

Sintomas

São dois sinais típicos do refluxo a sensação de pirose, que é a queimação, a azia que sobe atrás do peito; e a sensação de regurgitação. Após a alimentação é o momento de perceber se o alimento voltou para a boca e a pessoa sentiu esses sintomas em vez de notar que o alimento seguiu o fluxo normal da digestão.

No refluxo, as substâncias ácidas do estômago retornam para o esôfago, fazendo com que tecidos situados entre os dois órgãos fiquem irritados e a pessoa apresente, além da azia e da queimação, dor torácica, tosse seca, doenças pulmonares de repetição, rouquidão, dor na garganta, aftas, sinusite e otite.

De acordo com o especialista, sentir o refluxo é considerado normal quando ele ocorre até três vezes em um período de três meses. Se os episódios forem mais frequentes, é necessário procurar um gastroenterologista.

O tratamento é fundamental para evitar que a doença evolua para um câncer de esôfago e ele é baseado na administração de medicamentos e em mudanças comportamentais. Alguns pacientes também necessitam de procedimentos cirúrgicos.

“A operação para o tratamento de refluxo visa reconstituir a anatomia da região em que existe a hérnia de hiato e confeccionar uma válvula antirrefluxo, que não permite que o conteúdo gástrico volte para o esôfago. Como é uma área, muitas vezes, de difícil acesso para o cirurgião, recomendamos a cirurgia robótica, que realiza o procedimento de maneira precisa e permite ao paciente voltar às suas atividades habituais em torno de uma semana”, explica Eloy. 

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