Uma triste colocação: Minas Gerais é o Estado brasileiro com mais pontos críticos em estradas no Brasil, segundo Pesquisa CNT de Rodovias 2023, elaborada pela Confederação Nacional do Transporte. O levantamento apontou 403 pontos críticos, liderando o ranking nacional, à frente do Acre (385) e do Maranhão (258). Erosão na pista, buraco grande, queda de barreira, ponte estreita e/ou caída e outros problemas são classificados como pontos críticos.
De acordo com o estudo, 388 estão em rodovias públicas, o que representa 96,3% dos locais identificados na pesquisa. Os outros 15 pontos (3,7%) são em rodovias concedidas. A pesquisa mostra ainda que 213 destes pontos críticos estão em rodovias federais, o que representa 52,9% dos problemas. Os outros 47,1%, ou seja, 190 pontos críticos, são nas estaduais.
A pesquisa tem como objetivos realizar um levantamento das características das estradas e avaliar as condições da malha rodoviária pavimentada brasileira que afetam, direta ou indiretamente, as condições de trafegabilidade e segurança. Nesse contexto, a CNT utiliza uma metodologia própria de avaliação dos três principais aspectos da malha rodoviária: pavimento, sinalização e geometria da via - analisados segundo a percepção do usuário quanto à conservação e à segurança das vias. O resultado da avaliação é divulgado de forma qualitativa, categorizado como ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo.
Radiografia das estradas
Em relação ao estado geral das rodovias mineiras, o estudo revela que 78,7% da malha pavimentada apresenta problemas, classificada como regular, ruim ou péssima, e somente 21,3% é considerada ótima ou boa. No que tange à pavimentação, 70,6% da extensão da malha rodoviária avaliada apresenta problemas, 29,4% está em condição satisfatória, e 0,7% tem o pavimento totalmente destruído.
Referente à sinalização, 75,3% da extensão é considerada regular, ruim ou péssima, 24,7% é ótima ou boa, 8,3% carece de faixa central, e 15,9% não possui faixas laterais. Sobre a geometria da via, 80,5% apresenta algum tipo de problema, e 19,5% está ótima ou boa. Nesse cenário, 88,4% são pistas simples e 59,3% não têm acostamento. Além disso, 22,9% dos trechos com curvas perigosas não possuem sinalização.
Impactos
As condições do pavimento resultam em um aumento de 42,2% no custo operacional do transporte, afetando a competitividade e os preços dos produtos. Outro ponto é a relação da infraestrutura e da segurança. Segundo o levantamento, o prejuízo gerado por acidentes foi de R$ 1,75 bilhão em 2022, enquanto o governo gastou R$ 67,06 milhões em obras de infraestrutura rodoviária.
A pesquisa também estima o consumo desnecessário de R$ 198,1 milhões de litros de diesel em 2023 devido à má qualidade do pavimento, o que custará R$ 1,30 bilhão aos transportadores.
Para amenizar esse cenário, de acordo com a CNT, são necessários R$ 16,63 bilhões para a recuperação emergencial (reconstrução, restauração) e manutenção das rodovias em Minas Gerais. “Dos R$ 497,39 milhões autorizados pelo governo federal para a infraestrutura rodoviária em Minas Gerais em 2023, apenas R$ 36,05 milhões (7,2%) foram investidos até setembro”, revela o estudo.