Roubo e prejuízo
Balanço preliminar da NTC&Logística aponta redução de 15% nas ocorrências registradas em 2018. Número de casos, no entanto, ainda é assombroso no país.
A- A A+Mais de 22 mil ocorrências de roubos de cargas foram registradas no Brasil ao longo de todo o ano passado, conforme levantamento da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), após cruzamento de dados das Polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal (PRF). As informações – ainda não totalizadas – foram divulgadas pelo jornal “O Globo”. O consolidado será mostrado pela NTC&Logística, no 19º Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, previsto para acontecer em 22 de maio, na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).
De acordo com a NTC&Logística, a ação dos criminosos causou um prejuízo estimado em R$ 2 bilhões com as perdas dos veículos e das mercadorias transportadas por eles. Embora os números sejam assustadores, representam uma redução de 15% na comparação com 2017, quando foram contabilizados 25.970 roubos no país.
Uma das justificativas para esse recuo, segundo a entidade, foi a intervenção federal ocorrida na área de segurança do Rio de Janeiro, um dos Estados com maior incidência desse tipo de crime. Contudo, a repetição de casos por dezenas de milhares de vezes continua sendo motivo de muita indignação. “Admitir que tem 22 mil roubos de carga no país é um absurdo”, afirmou o responsável pelo levantamento, o assessor de segurança da associação, Paulo Roberto de Souza.
Ainda de acordo com Paulo Roberto, de 2012 para cá, o roubo de cargas passou a ser visto por quadrilhas de traficantes de drogas e facções criminosas como um modelo bem-sucedido de negócio, uma vez que a insegurança nas estradas e nas cidades facilita a ação dos ladrões. Além disso, os produtos roubados geram um retorno bastante lucrativo.
Há seis anos, tais ocorrências somaram 14.400 e continuaram subindo até chegarem ao recorde registrado no ano retrasado.
Expectativa e realidade
O mesmo seminário aconteceu em 2018. Na época, a Entrevias mostrou que os roubos de cargas causaram um prejuízo de R$ 1,57 bilhão. Somente os Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo concentraram, juntos, 81,56% do total de casos de todo o Brasil.
As estatísticas dos dois territórios colocaram a região Sudeste no topo do ranking nacional de ocorrências desse tipo em 2017. No período, foram 22.212 episódios, que, somados, resultaram em um rombo de R$ 1,11 bilhão (71,3%). Na sequência, apareceu o Nordeste, com 1.514 registros (5,83%), o equivalente a uma perda de R$ 202,72 milhões (12,88%). Logo depois, veio o Sul, onde ocorreram 1.440 casos (ou 5,55% do total) e um prejuízo de R$ 152,66 milhões (9,7%).
O Centro-Oeste e o Norte brasileiros registraram, respectivamente, 640 (2,46%) e 164 (0,63%) ocorrências, responsáveis pelos desfalques de R$ 66,10 milhões (4,2%) e de R$ 34,51 milhões (2,19%), na mesma ordem.
As cargas geralmente mais visadas pelos criminosos, de acordo com o assessor de segurança da NTC&Logística, são as de produtos alimentícios, cigarros, combustíveis, eletrônicos, itens farmacêuticos, bebidas, confecções, produtos têxteis, autopeças e materiais químicos. “A situação é bastante preocupante e vem se agravando ano após ano. Medidas precisam ser tomadas com urgência para viabilizar o transporte com segurança no país”, afirmou Souza durante o seminário realizado em 2018.
Perspectivas
A esperança do setor de transporte, conforme destacado na matéria de “O Globo”, é que a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) tire do papel o plano nacional de segurança pública aprovado no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).
Enquanto isso, a PRF e o Ministério da Justiça rebatem as críticas e asseguram que ampliaram as ações de inteligência que visam à prisão de criminosos, a fim de evitar que os roubos de cargas aconteçam. Segundo os dois órgãos, a redução no levantamento preliminar apresentado neste ano (referente a 2018) já seria uma amostra do resultado desse trabalho.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Entrevias. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Entrevias poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.