Salto no gastos com logística
2015 registrou aumento de 30% se comparado com o ano anterior; vilão foi o enfraquecimento da economia por meio da diminuição de investimentos e do consumo
A- A A+No ano passado, quase 12% da receita das empresas foi consumida com despesas de transportes e de armazenagem segundo levantamento feito pela Fundação Dom Cabral com 142 empresas de 22 segmentos industriais. Em 2012, esse percentual estava na casa de 10,54% e, em 2014, na de 11,5%.
Na média, comparando com o ano anterior, os custos de 2015 tiveram um avanço real (descontada a inflação) de 1,8%. Em alguns setores, no entanto, o aumento das despesas com logística foi mais perverso e corroeu, de maneira expressiva, o ganho das companhias. No setor de metal-mecânica, os gastos cresceram 60% (de 5% para 8,01%); no de mineração, 58% (de 8,5% para 13,43%); nos farmacêutico e de cosméticos, 56% (de 5% para 7,79%); e nos de papel e celulose, 48% (de 13% para 19,25%).
O cenário de recessão, com baixo investimento e queda no consumo, ajudou a potencializar os gastos do setor produtivo com logística. “Houve uma combinação muito desfavorável para as empresas em 2015: as receitas caíram, e os custos logísticos continuaram a subir”, diz o professor da Fundação Dom Cabral Paulo Resende, um dos coordenadores do levantamento. Segundo ele, os gastos com logística subiram mais nas empresas com faturamento entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão. Para esse grupo de companhias, os custos avançaram 30%.
Resende destaca que, dentre os fato res que mais influenciaram a evolução dos gastos com logística, estão o aumento da burocracia, a restrição para a distribuição nas regiões metropolitanas, o custo com mão de obra especializada, o acréscimo dos preços dos combustíveis e a falta de infraestrutura de apoio nas estradas, que tem um peso forte nas despesas logísticas.
O custo logístico cresceu em todas as regiões do país, exceto no Sul. Tal crescimento alcançou 30% no Centro-Oeste, 18% no Nordeste e 4% no Sudeste. Nos segmentos de agronegócio, alimentação e indústria automobilística, os custos cresceram, respectivamente, 14%, 9% e 3%.
FORÇA DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO
Entre as empresas pesquisadas pela Fundação Dom Cabral, 80% afirmaram que usavam, predominantemente, o transporte rodoviário para movimentar suas cargas, sejam elas de produtos acabados, sejam de matéria-prima.
Consequentemente, as rodovias têm papel de destaque no aumento do custo logístico. No transporte de insumos e produtos, o modal rodoviário é, de longe, o mais utilizado (80%), seguido do ferroviário (8%) e do aeroviário (5%). Tanto que, para 87% das empresas consultadas, a melhoria das condições das rodovias é um fator importante para reduzir os custos logísticos. Depois, de acordo com os empresários, vêm, em segundo lugar, a mudança na cobrança de ICMS (67%) e, em terceiro, a expansão da malha ferroviária (59%).
Para minimizar seus custos logísticos, as companhias, segundo o professor, têm optado por terceirizar os serviços de transportes, fechar centros de armazenamento e de distribuição, e cortar estoques. “Ao terceirizar, a empresa transforma um custo fixo em variável. Ou seja, o custo com logística somente aparece quando existe demanda. Contudo, quando a crise econômica atual acabar, essas empresas terão dificuldade de retomar suas estruturas logísticas”, conclui o professor.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Entrevias. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Entrevias poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.