Salto no gastos com logística

2015 registrou aumento de 30% se comparado com o ano anterior; vilão foi o enfraquecimento da economia por meio da diminuição de investimentos e do consumo

Finanças / 13 de Abril de 2016 / 0 Comentários
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No ano passado, quase 12% da re­ceita das empresas foi consumida com despesas de transportes e de armazenagem segundo levantamento feito pela Fundação Dom Cabral com 142 empresas de 22 segmentos industriais. Em 2012, esse percentual estava na casa de 10,54% e, em 2014, na de 11,5%.

Na média, comparando com o ano an­terior, os custos de 2015 tiveram um avan­ço real (descontada a inflação) de 1,8%. Em alguns setores, no entanto, o aumento das despesas com logística foi mais per­verso e corroeu, de maneira expressiva, o ganho das companhias. No setor de metal­-mecânica, os gastos cresceram 60% (de 5% para 8,01%); no de mineração, 58% (de 8,5% para 13,43%); nos farmacêutico e de cosméticos, 56% (de 5% para 7,79%); e nos de papel e celulose, 48% (de 13% para 19,25%).

O cenário de recessão, com baixo in­vestimento e queda no consumo, ajudou a potencializar os gastos do setor produtivo com logística. “Houve uma combinação muito desfavorável para as empresas em 2015: as receitas caíram, e os custos logís­ticos continuaram a subir”, diz o professor da Fundação Dom Cabral Paulo Resende, um dos coordenadores do levantamento. Segundo ele, os gastos com logística subi­ram mais nas empresas com faturamento entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão. Para esse grupo de companhias, os custos avan­çaram 30%.

Resende destaca que, dentre os fato­ res que mais influenciaram a evolução dos gastos com logística, estão o aumento da burocracia, a restrição para a distribuição nas regiões metropolitanas, o custo com mão de obra especializada, o acréscimo dos preços dos combustíveis e a falta de infraestrutura de apoio nas estradas, que tem um peso forte nas despesas logísticas.

O custo logístico cresceu em todas as regiões do país, exceto no Sul. Tal cresci­mento alcançou 30% no Centro-Oeste, 18% no Nordeste e 4% no Sudeste. Nos segmentos de agronegócio, alimentação e indústria automobilística, os custos cresce­ram, respectivamente, 14%, 9% e 3%.

 

FORÇA DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO

Entre as empresas pesquisadas pela Fundação Dom Cabral, 80% afirmaram que usavam, predominantemente, o transporte rodoviário para movimentar suas cargas, sejam elas de produtos acabados, sejam de matéria-prima.

Consequentemente, as rodovias têm papel de destaque no aumento do cus­to logístico. No transporte de insumos e produtos, o modal rodoviário é, de longe, o mais utilizado (80%), seguido do fer­roviário (8%) e do aeroviário (5%). Tanto que, para 87% das empresas consultadas, a melhoria das condições das rodovias é um fator importante para reduzir os custos logísticos. Depois, de acordo com os empre­sários, vêm, em segundo lugar, a mudança na cobrança de ICMS (67%) e, em terceiro, a expansão da malha ferroviária (59%).

Para minimizar seus custos logísticos, as companhias, segundo o professor, têm optado por terceirizar os serviços de trans­portes, fechar centros de armazenamento e de distribuição, e cortar estoques. “Ao terceirizar, a empresa transforma um cus­to fixo em variável. Ou seja, o custo com logística somente aparece quando existe demanda. Contudo, quando a crise eco­nômica atual acabar, essas empresas terão dificuldade de retomar suas estruturas lo­gísticas”, conclui o professor.

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