Silenciosa e grave
Em 80% dos casos, pacientes com glaucoma não apresentam sintomas iniciais. Consultas de rotina são a melhor maneira de se evitarem complicações da doença, que pode levar à cegueira.
A- A A+O glaucoma é uma doença crônica que atinge de 2% a 3% dos brasileiros acima dos 40 anos, o equivalente a cerca de 1 milhão de pessoas. A enfermidade está associada ao aumento da pressão ocular, que provoca lesões no nervo óptico. O problema é desencadeado pelo aumento de um líquido chamado humor aquoso (produzido na parte anterior do olho) ou por alguma deficiência na drenagem dele. Se não for tratada, a enfermidade pode causar cegueira.
Apesar da gravidade e da frequência, uma pesquisa feita pelo Ibope Inteligência – divulgada no início de agosto último – mostrou que 40% da população desconhece a doença. O estudo, intitulado “Um olhar para o glaucoma no Brasil”, avaliou o nível de conhecimento de 2.700 pessoas em sete Estados: Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Todas foram ouvidas pela internet. O resultado apontou que o índice de desinformação é alto.
Entre os jovens com idades entre 18 e 24 anos, 53% desconhecem o glaucoma. Entre os adultos com mais de 55 anos, o índice subiu para 71%. Há diferença também em relação ao gênero: 38% das mulheres e 44% dos homens consultados ignoram a patologia.
AGRAVANTES
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma, Augusto Paranhos Junior, 10% dos entrevistados na pesquisa disseram que nunca foram a uma consulta com um oftalmologista, enquanto 25% responderam que só vão quando sentem algum incômodo nos olhos. Entre os jovens, 21% nunca estiveram em um consultório oftalmológico, e 10% foram apenas uma vez.
As entidades médicas aconselham a população a procurar um profissional da área regularmente porque, em 80% dos casos, o paciente com glaucoma não apresenta sintomas logo que a doença se instala, fazendo com que ela seja silenciosa. Por isso, aferir a pressão intraocular em todas as consultas é fundamental, segundo os médicos, bem como fazer as análises de fundo de olho e do campo visual.
Para ajudar a sanar dúvidas e informar sobre o problema, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia abriu uma página de perguntas e respostas no site cbo.net.br. Lá, foram publicadas 46 questões que esclarecem aspectos como sintomas, tratamento e exames.
FATORES DE RISCO
Estudos já revelaram que negros, pessoas com histórico da doença na família, idosos, pacientes com alta miopia e usuários frequentes de colírios com corticoide na composição têm mais chances de desenvolver o glaucoma.
Especialistas alertam que o problema não tem cura, mas pode ser controlado com uma terapia adequada e contínua. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maior a chance de preservar a visão. O tratamento pode ser feito com uso de colírios, aplicação de laser ou realização de cirurgia, a fim de se evitar a progressão das lesões no nervo óptico.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, atualmente, há 8,4 milhões de cegos no mundo por causa dessa enfermidade.
CLASSIFICAÇÕES
Existem quatro tipos de glaucoma. O primeiro, chamado de ângulo fechado ou agudo, ocorre quando há um aumento rápido na pressão intraocular e precisa ser tratado com urgência. O segundo é o glaucoma congênito, desenvolvido no bebê durante a gestação. É considerado raro, e o tratamento deve ser imediato.
O terceiro tipo é o de ângulo aberto ou crônico. Esse é o mais comum e tem causa desconhecida. Nesse caso, o aumento da pressão ocular é lento e provoca um dano permanente no nervo do olho. Ele pode ser diagnosticado de forma precoce quando o paciente faz consultas periódicas com o oftalmologista. Por fim, o quarto é o glaucoma secundário, causado pelo uso de medicamentos ou por traumas e outras doenças oculares. (Com a Agência Brasil)
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