Situação crítica

Meta do Acordo de Paris é revista, e países precisam adotar medidas urgentes para conter o aquecimento global. Consequências das mudanças climáticas afetam todos os cidadãos.

Meio Ambiente / 09 de Novembro de 2018 / 0 Comentários
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A situação climática do planeta está piorando cada dia mais. A conclusão é do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que previu grandes dificuldades para o os países cumprirem a meta de manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus centígrados até o fim deste século. A meta foi estabelecida pelo Acordo de Paris, assinado por quase 200 países durante conferência em 2015.

A preocupação de especialistas se dá devido a uma tendência de aumento das temperaturas globais, cujas consequências são consideradas catastróficas, inclusive para a saúde e o bem-estar da humanidade. Um impacto importante é o derretimento das geleiras, que causa o avanço do mar sobre áreas habitadas. A expectativa é que mais de 100 milhões de pessoas sejam deslocadas caso o mundo não consiga cumprir a meta.

Com temperaturas mais altas, o mundo teria mudanças nos territórios com a geração de “refugiados climáticos”, ou seja, populações que precisam migrar por causa de enchentes ou secas que destruiriam regiões. Outras consequências são o aparecimento de vetores de doenças tropicais em locais que antes tinham climas mais amenos e, portanto, não eram afetados. Fenômenos têm sido frequentes em várias regiões do planeta, como furacões devastadores nos Estados Unidos, tufões na Ásia, grandes incêndios, calor excessivo em estações antes mais frias.

Atualmente, o mundo superou o aumento de 1°C de aquecimento em relação aos níveis pré-industriais. A forma mais imediata de aliviar a situação é contendo a liberação de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. O gás é o principal responsável pelo efeito estufa e é gerado por meio de atividades industriais, pelo desmatamento e pela queima de combustíveis fósseis, como gasolina e diesel.

Cientistas responsáveis pela elaboração do relatório alertam para mudanças urgentes nas fontes de energia e no uso da terra. Afirmam também que depende de cada cidadão do planeta, já que a geração de lixo, o meio de transporte e os hábitos influenciam diretamente na emissão de gases na atmosfera. Reduzir o consumo de carne e de derivados do leite e evitar o desperdício de alimentos são importantes fatores de mudança no estilo de vida para conter o aquecimento global, segundo cientistas.

Mudanças

A variação do clima é uma das maneiras mais imediatas de sentir as mudanças. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) realizou diagnósticos sobre essa variação na região Centro-Oeste do país. A temperatura, segundo o estudo, segue tendência de aumento desde a década de 60. Entre 1961 e 2012, a temperatura média foi de 1,85°C. A projeção é que, até 2040, o crescimento seja de até 3°C na região.

Desmatamento é a principal fonte de emissão de gases do efeito estufa no país

O Centro-Oeste brasileiro é onde estão as áreas mais usadas para o agronegócio brasileiro. “Sem sombra de dúvida, o uso e a ocupação desordenada do solo impactam na mudança do padrão térmico da temperatura”, diz a meteorologista-chefe de previsão do Inmet, Morgana Almeida.

Como uma amostragem do que ocorre no restante do país, o Centro-Oeste já tem sentido, conforme o estudo, redução de chuvas no período do verão, que é uma estação chuvosa. “Se não tivemos a memória da meteorologia, da climatologia, não teremos como saber como foi o tempo no passado, nem como fazer projeções futuras. Então, é importante o governo ter isso como prioridade e política pública”, salienta a pesquisadora.

Desafios

Com a revisão do relatório do IPCC, a expectativa agora é que os países assinem e cumpram as medidas de redução das emissões de carbono. O coordenador executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Alfredo Sirkis, explica que uma das medidas previstas no relatório para se chegar a 1,5°C é aumentar extremamente a chamada emissão negativa (absorção de CO2). Seria preciso, para isso, reflorestar uma extensão territorial do tamanho dos Estados Unidos.

“Evidentemente, o desafio de não ultrapassar 1,5°C é muito difícil de ser alcançado no estágio atual da tecnologia e da forma como está o desenvolvimento econômico no âmbito internacional. Mas é um horizonte que tem que ser levado em conta”, afirma. Especialistas apontam o reflorestamento como a medida mais eficaz para a produção de emissões negativas em grande escala.

Metas do Brasil

Em dezembro, os países voltam a se reunir na Conferência das Partes (COP24), na Polônia. Na ocasião, serão definidos critérios e o que deve ser feito para o cumprimento do Acordo de Paris. O prazo para se iniciar o cumprimento das metas acordadas é 2020. Além de reflorestar, o Brasil tem os desafios de conter o desmatamento, fazer adaptações no modelo de produção econômica, readequar a infraestrutura urbana, principalmente de transporte e energia, e gerar energia limpa para diminuir a emissão de gases.

Reflorestamento é uma das medidas apontadas como mais eficazes para reduzir emissão de gases

No Acordo de Paris, o Brasil estabeleceu ainda o compromisso de reduzir em 37% a emissão de gases do efeito estufa até 2025 em relação a 2005. Naquele ano, o país emitiu cerca de 2,1 bilhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera. Para 2030, a meta é diminuir 43%.

Entenda

O Acordo de Paris é resultado da 21ª Conferência das Partes (COP21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês), realizado em 2015, em Paris, na França. Durante a reunião, quando participaram 195 países, foi adotado um acordo com o objetivo de fortalecer a resposta global à ameaça da mudança do clima e reforçar a capacidade dos países em lidar com os impactos, segundo informações do Ministério do Meio Ambiente. (Com a Agência Brasil)

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