Socorristas pedem socorro
A- A A+O ano novo chegou atribulado para os mineiros: chuvas torrenciais – consideradas as piores do último século, com mais de 55 mortes no Estado –, suspeita de coronavírus e a marca de um ano do rompimento da barragem em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte (ainda com 11 desaparecidos). No primeiro e no último caso, a ajuda de voluntários foi indispensável para que muitas pessoas conseguissem sobreviver. No entanto, os grupos civis de resgate enfrentam, mais uma vez, dificuldades para exercerem suas atividades.
Em 2019, a primeira edição da Entrevias mostrou a peleja deles em função da Portaria nº 33/2018, publicada pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, que limita a ação dos voluntários no Estado ao exigir que os atendimentos pré-hospitalares sejam realizados somente por médicos, enfermeiros ou técnicos em enfermagem.
Em 2020, voltamos a tratar do assunto no primeiro mês do ano. Em pleno período chuvoso, com vários registros de deslizamentos de terra, desmoronamentos e até afogamentos, os socorristas voluntários estão na iminência de suspender os trabalhos por causa da falta de diálogo com a corporação, conforme alertado pelo presidente da Associação de Bombeiros Voluntários e Equipes de Resgate Voluntário do Estado de Minas Gerais (Volunterminas), Fabrício de Oliveira Coelho, na matéria de capa desta edição.
Diante do impasse e da incoerência da norma – já que os bombeiros também não contam com médicos, enfermeiros nem técnicos em enfermagem –, a população corre o risco de ficar sem a ajuda daqueles que se dedicam a fazer o bem ao próximo. É preciso que haja uma mudança urgente na legislação para que essas restrições e exigências impraticáveis não impeçam os voluntários de agir, sobretudo no momento em que as pessoas mais precisam da união de todas as forças.
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