Tire algumas dúvidas sobre os carros flex
Proporção certa entre álcool e gasolina pode gerar economia no bolso do consumidor
A- A A+Invenção brasileira para aproveitar o potencial de etanol que o país tem, a tecnologia flex foi desenvolvida em 2003, para que os veículos pudessem ter rendimento com álcool ou gasolina, ou com a mistura deles. Boa parte da população já dispõe de veículos com esse sistema. Em 2014, dos carros licenciados até outubro, 88,1% possuíam a tecnologia flex, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
No entanto, ainda há dúvidas sobre como proceder ao se abastecer o carro: se existe uma proporção certa de combinação dos combustíveis que proporcione economia, qual deles tem melhor rendimento ou desgasta menos o veículo. Acompanhe a entrevista com o consultor automotivo Marcus Romaro para esclarecer alguns questionamentos:
Consultor automotivo Marcus Romaro
Entre-Vias: Sabe-se que a gasolina lubrifica e o álcool desgasta o motor. Se eu abasteço somente com álcool, estou danificando o motor do meu carro?
Marcus Romaro: Nos atuais veículos ‘flex’, ao contrário dos movidos exclusivamente a álcool de antigamente, todos os componentes foram desenvolvidos com materiais mais nobres e/ou tratados quimicamente para que sejam resistentes à ação do álcool e mantenham a durabilidade esperada e definida em projeto. Por isso, o motorista pode encher o tanque
do veículo somente com álcool sem problemas, especialmente porque a gasolina já possui uma porcentagem de 22% de álcool hidratado em sua composição estabelecida por lei.
EV: Existe uma proporção de mistura dos dois combustíveis que melhora o rendimento do motor flex?
MR: Sim, não propriamente o rendimento do motor e/ou consumo de combustível em termos absolutos, mas especificamente pela relação valor gasto versus quilometragem percorrida. Estima-se que uma proporção de entre 10% e 20% de álcool no tanque com o restante de gasolina possa ocasionar uma economia final em reais – gasta-se um pouco mais para encher o tanque, mas também se roda mais, e há alguma economia na relação –, dependendo sempre do tipo do motor e da qualidade dos combustíveis utilizados.
EV: Se estou com metade do tanque com gasolina, devo esperar acabar para trocar para álcool?
MR: Não. Os motores dos veículos flex são calibrados para funcionarem com qualquer relação de mistura entre álcool e gasolina. A diferenciação é feita praticamente em tempo real, pela sonda lambda - dispositivo que envia sinal elétrico à injeção eletrônica do veículo e controla a quantidade de combustível para levar ao motor - que, por meio da análise dos gases de combustão, manda a informação para a central de comando da injeção eletrônica, e esta providencia o ajuste do motor automaticamente.
EV: Ao se trocar de combustível, é preciso rodar um pouco antes de desligar o motor?
MR: Não. Entretanto, é importante manter o reservatório de partida a frio sempre cheio, com gasolina aditivada de preferência, para não se correr o risco de o veículo não ligar em dias frios caso tenha sido abastecido com álcool.
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