Transporte mais limpo
Especialistas indicam medidas para reduzir 53% das emissões de carbono na atmosfera até 2050. Adoção de caminhões elétricos é uma delas.
A- A A+Caminhões e ônibus elétricos, aumento do uso de biocombustíveis e mais ferrovias. Se o Brasil adotar essas e outras medidas, poderá alcançar o marco de redução de 53% das emissões de carbono na atmosfera até 2050. A estimativa do presidente do Instituto Brasileiro de Transporte Sustentável (IBTS), Márcio de Almeida D’Agosto, foi apresentada durante o seminário Mobilidade Baixo Carbono, promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) durante a Semana da Mobilidade, no fim de setembro.
Para chegar a esse resultado, segundo D’Agosto, o caminho é implementar um pacote de ações mitigadoras que visam qualificar tanto o transporte de cargas quanto o de passageiros. Esse último, inclusive, precisa ser repensado, na avaliação do especialista, que também integra o Programa de Engenharia de Transporte da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “A eletrificação desse modal é uma atividade-chave para se atingir o objetivo de emissão zero”, afirmou.
De acordo com o presidente do IBTS, os ônibus representam apenas 0,6% da frota rodoviária em circulação, mas são responsáveis por 50% da atividade de passageiros e por 11% da demanda de energia. Já os caminhões representam 1,3% da frota nacional e são responsáveis por 10% da atividade de carga e da demanda energética.
Durante o seminário, D’Agosto ressaltou que medidas como o aumento do uso de biocombustíveis, a expansão das ferrovias para cargas e a eletrificação da logística e dos veículos leves são fundamentais para chegarmos a 2050 reduzindo mais de 50% das emissões de poluentes. “E abatendo da atmosfera 268 megatoneladas de gás carbônico”, completou. Cada megatonelada corresponde a 1 milhão de toneladas.
O especialista também abordou um cenário mais próximo: 2030. Em apenas nove anos, segundo ele, seria possível reduzir em um terço a quantidade de carbono emitida pelos transportes de cargas e de passageiros.
Carga pesada
No início de 2019, o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento – entidade sem fins lucrativos que promove o transporte ambientalmente sustentável e equitativo em todo o mundo – publicou um boletim sobre mobilidade de baixo carbono. De acordo com o documento, “o modelo de mobilidade urbana adotado ao longo do último século vem contribuindo para acelerar as mudanças climáticas devido às emissões de gases resultantes do uso de combustíveis”.
Por outro lado, conforme consta na publicação, os eventos climáticos impactam diretamente o uso desses sistemas pelas pessoas que precisam acessar diariamente seus locais de trabalho, estudo, lazer ou comércio. Segundo informações do instituto, o setor de transporte é um dos maiores responsáveis pelas emissões de poluentes no Brasil.
Sustentabilidade
Durante a Semana da Mobilidade, foi lançado o caderno técnico “Transição para uma Mobilidade Zero Emissões”. A publicação servirá como um instrumento de orientação e apoio para o poder público promover aspectos essenciais da mobilidade urbana no Brasil.
O objetivo do documento é auxiliar as cidades na adoção de medidas sustentáveis em consonância com os preceitos da Política Nacional de Mobilidade Urbana, obtendo benefícios socioeconômicos como a redução de poluentes e de gases de efeito estufa e a efetiva melhoria da qualidade de vida da população.
Segundo o coordenador de gestão integrada do MDR, Fernando Araldi, para que um programa de mobilidade com essas características seja executado, é preciso haver conhecimento sobre mobilidade de baixo carbono. “Com o lançamento dessa publicação, estamos dando um grande passo para a mobilidade zero emissão, que é nosso objetivo”, adiantou.
O Dia Mundial sem Carro também foi celebrado durante o evento do ministério. Na ocasião, foi lançado o selo Bicicleta Brasil, que certificará empresas e órgãos públicos que adotarem medidas para estimular o transporte cicloviário nas cidades. (Com a Agência Brasil)
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