Trincheira nova e cheia de problemas

Durante testes para passagem sob ferrovia, caminhões ficaram presos, tiveram que subir na calçada e até placa foi arrancada

Estradas / 16 de Dezembro de 2020 / 0 Comentários
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Uma obra pedida há anos pela população e, quando construída com um investimento público de mais de R$ 7 milhões, não funciona da forma esperada. Rolândia, uma cidade do Paraná, tem, desde setembro, a tão sonhada trincheira que permite o tráfego sob a linha férrea, encurtando o tempo que, antes, era gasto aguardando a passagem do trem. No entanto, nos testes realizados na nova estrutura, as carretas não conseguiram seguir com segurança.

A obra foi solicitada pela prefeitura ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Durante os testes, filmados e publicados no YouTube e divulgados pela imprensa local, caminhões não puderam trafegar simultaneamente pelos dois sentidos da via, invadiram a calçada de um lado e a ciclovia do outro, e placas tiveram que ser retiradas. Apesar de pronta, a trincheira ainda não foi liberada, e cogita-se impedir que veículos grandes trafeguem pelo trecho.

Já na entrada, saindo de uma via movimentada do centro da cidade – a avenida Presidente Vargas –, um caminhão-baú não conseguiu fazer a curva com tranquilidade para acessar a trincheira. Ele passou por cima da calçada e amassou uma placa, que precisou ser removida. Na outra extremidade, uma carreta bitrem conseguiu passar, mas teria que esperar caso viesse um caminhão na mão contrária.

Os testes foram feitos por engenheiros do Dnit e receberam muitas críticas na internet, especialmente nos comentários dos vídeos postados no YouTube. A situação gera preocupação, já que relatos dão conta de que, sem a trincheira, até ambulâncias já tiveram que esperar para atravessar a linha férrea. 

Adequações

No fim de outubro, representantes do Dnit reuniram-se com servidores da Prefeitura de Rolândia por meio de teleconferência e definiram que serão feitas adequações no local. O engenheiro do departamento José Carlos Belluzzi de Oliveira disse que as intervenções ocorrerão em quatro pontos específicos: na curva da rua Alfredo Moreira Filho, na curva interna da trincheira, na entrada da avenida Presidente Vargas e na rua Miguel Liogi.

As adequações custarão R$ 150 mil. Segundo Oliveira, o valor já está incluído no orçamento da obra. A expectativa é que os novos trabalhos terminem até 20 de dezembro. O tráfego, contudo, deve ser liberado somente no início do ano que vem.

Em nota, a Prefeitura de Rolândia afirmou que, “conforme audiência realizada na Câmara Municipal em 21 de outubro, o Dnit informou que serão realizadas adequações na obra da trincheira para viabilizar o tráfego de qualquer veículo. Os prazos informados pelo Dnit são de que a obra estará entregue até o fim de janeiro de 2021”.

Já o departamento garantiu que está apurando internamente a situação e que, até o momento, não foi observado indício de falha no projeto. Segundo o Dnit, o valor atual da obra é de R$ 7.874.592,20, e a trincheira só será liberada para tráfego após a conclusão das adequações finais solicitadas pela prefeitura. O projeto previa a passagem de veículos de até 12 metros de comprimento, mas houve uma solicitação recente do governo municipal para permitir a passagem de veículos de grande porte, conforme informado pelo departamento.

Ainda de acordo com o Dnit, o projeto original respeita o Plano de Mobilidade Urbana de Rolândia. “Os ajustes solicitados pela prefeitura estão em desenvolvimento e não apresentam impacto profundo no cronograma”, assegurou o órgão por meio de nota.

O projeto da trincheira foi elaborado em 2011, mas as obras só foram liberadas em novembro de 2017 e tiveram início em março de 2018. O prazo previsto para a entrega era outubro do ano passado. As intervenções em Rolândia fazem parte do Programa Nacional de Segurança Ferroviária desenvolvido pela diretoria de Infraestrutura Ferroviária do Dnit com o objetivo de minimizar os conflitos entre as operações ferroviárias e rodoviárias em passagens de nível e as interferências com o tráfego urbano em cidades que são atravessadas por ferrovias.

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