Vidas animais preservadas
Trecho da BR-040 ganha duas passagens elevadas para travessia de primatas, marsupiais e roedores
A- A A+Duas passagens suspensas, feitas de materiais naturais e monitoradas por câmeras, serão construídas no trecho de 180 km da BR-040 administrado pela Companhia de Concessão Rodoviária Juiz de Fora-Rio de Janeiro (Concer). O objetivo é evitar atropelamentos de animais silvestres na via, que já possui uma passagem subterrânea na jurisdição mineira, monitorada por armadilha fotográfica. Já as estruturas aéreas serão as primeiras do tipo entre o município da Zona da Mata e o Estado vizinho.
Segundo a concessionária, as travessias serão instaladas nos KMs 86 e 95, na descida da Serra de Petrópolis, em território fluminense. Os pontos escolhidos são justamente os que registram a maior incidência de animais nas proximidades da rodovia. Entre as espécies comumente encontradas na região estão primatas como o mico-leão-dourado, ouriços, gambás e pequenos roedores como a cuíca e o rato-do-mato.
As novas estruturas na BR-040 fazem parte das ações desenvolvidas pelo projeto Caminhos da Fauna, criado pela Concer há 16 anos visando reduzir o impacto sobre a fauna silvestre por meio do monitoramento em toda a extensão da concessão da rodovia.
“Dessa forma, foi possível adotar uma série de medidas que reduzem os atropelamentos, tais como a sinalização da travessia de animais, a implantação de cercas nos pontos com maior índice de atropelamentos e a educação ambiental dos usuários e da população do entorno”, ressalta a empresa.
Levantamentos feitos pela concessionária mostram que, nos últimos anos, cerca de 800 animais silvestres foram resgatados no trecho da BR-040 sob a gestão da Concer. Neste ano, foram 36 registros, sendo quatro na mesma semana de outubro. O último deles foi um cachorro-do-mato encontrado pela equipe de fauna em Três Rios (RJ) e encaminhado para o Hospital Veterinário de Corrêas, em Petrópolis.
Já o balanço de atropelamentos – atualizado pela última vez em 2019 – mostra que 981 animais foram vítimas de veículos. Os que são resgatados seguem para clínicas veterinárias conveniadas, enquanto as carcaças são destinadas a institutos de pesquisa, como o Museu Nacional, parceiro do Caminhos da Fauna.
“Você também pode ajudar o projeto: no trecho de serra, dirija com atenção redobrada, em especial quando avistar uma das placas de animais silvestres instaladas pela Concer”, frisa a empresa. “Sempre que presenciar um animal na rodovia ou mesmo um atropelamento, comunique o fato (se possível, dê alguma referência do local, informando o KM) pelo telefone 0800 282 0040, opção 9, ou pelo e-mail ouvidoria@concer.com.br”, completa a concessionária.
A VEZ DELES
As passagens para fauna são mecanismos construídos nas rodovias para evitar o atropelamento de animais silvestres. Antes da instalação, é necessário um estudo das espécies encontradas na região e dos seus hábitos a fim de se verificar qual o modelo e quais os locais mais adequados para as intervenções.
As estruturas podem ser inferiores, a exemplo dos túneis sob as rodovias ou mesmo das pontes que são aproveitadas com a construção de caminhos secos nas laterais, e superiores ou suspensas, variando entre uma simples corda até elevados com cerca e vegetação, pontes de madeira e viadutos arborizados (modelo ainda não implantado no Brasil).
De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), em 2014, em 20 trechos de rodovias federais, totalizando 5,51 mil km em todas as regiões do país, 14.445 animais foram atropelados. Entre eles, estavam mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Na época, o departamento contou 507 passagens de fauna já implantadas ou em estudo nos trechos monitorados.
O Dnit informou que, atualmente, monitora 1.472 dispositivos de travessia de fauna no Brasil. (Com a Agência Brasil)
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