Você tem herpes-zóster?
A- A A+Doença, provocada pelo mesmo vírus da catapora, fica adormecida no organismo e pode se manifestar à medida que se envelhece; estima-se que 95% da populacao tem ou pode ter a enfermidade
Nos últimos meses, uma enfermidade ainda pouco difundida no país, mas que pode acometer 95% da população brasileira, de acordo com estudo publicado na “Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical”, ganhou destaque na mídia nacional. Popularmente conhecido como cobreiro, o herpes-zóster fica armazenado no corpo daquelas pessoas que, quando crianças, desenvolveram catapora. Assim, apesar de curadas da doença, elas continuam com o vírus adormecido dentro do organismo, que pode ser reativado quando há queda de imunidade ou à medida que os indivíduos envelhecem. O problema é grave e bastante preocupante. Levantamento feito pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, mostra que 1 a
cada 3 pessoas desenvolverá herpes-zóster durante a vida, chegando a 50% entre os indivíduos que atingem os 85 anos de idade. “A população idosa deve ter atenção redobrada, pois, nessa faixa etária, existe maior propensão de se desenvolver a doença, que causa dor intensa e impacta enormemente
na qualidade de vida”, esclarece o presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), João Bastos Freire Neto.
Os primeiros sintomas do zóster podem ser tratados com medicamentos antivirais e analgésicos. O mais marcante relatado por 96% dos pacientes acometidos pela doença é a dor aguda e debilitante. Para algumas pessoas, essa dor intensa pode durar meses e trazer dificuldades na realização de atividades cotidianas, como tomar banho, vestir-se ou até secar o cabelo. “Essa doença se manifesta, geralmente, com feridas na pele, vesículas que a gente até conhece popularmente como cobreiro. Mas
o que é mais comum é a inervação da pessoa naquela determinada região em que as feridas aparecem. Essa inflamação crônica dos nervos, ou seja, nas terminações nervosas, mesmo depois que a ferida desaparece, pode manter uma dor longa, de até anos, no paciente, porque a inflamação permanece. Isso afeta bastante a qualidade de vida do paciente”, pondera o infectologista e presidente Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Estevão Urbano.
Geriatra e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG-MG), Rodrigo Santos acrescenta que “algumas complicações mais raras, como acidente vascular encefálico (AVC), meningite asséptica e mielite (doença neurológica), também são descritas”. O quadro agudo do herpes-zóster dura, em média, um mês, mas suas complicações podem ser permanentes. A dor crônica, mais conhecida como nevralgia pós-herpética, pode persistir por meses e anos.
Nos Estados Unidos, cerca de 1 milhão de novos casos de herpes-zóster ocorrem por ano. Aproximadamente 4% resultam em hospitalização, gerando um gasto médio de 3,2 mil a 7,2 mil dólares por episódio. Os custos adicionais associados ao tratamento das complicações, como, por
exemplo, as oculares, neurológicas e cutâneas, variam de 1,1 mil a 11,2 mil dólares por agravamento.
No Brasil, não há estudos específicos, porém, uma consulta ao Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) mostrou que, a cada ano, registram-se cerca de 10 mil internações causadas por complicações do vírus varicela-zóster. Quando se examina a mortalidade, verifica-se que cerca de 80% vitima indivíduos com mais de 50 anos.
PREVENÇÃO
A melhor forma de prevenir o herpes-zóster é não ter tido contato com a varicela durante a infância. Por esse motivo, a vacinação contra a catapora é tão importante. Segundo o infectologista Estevão Urbano, atualmente, existe no programa do Ministério da Saúde a vacinação gratuita contra a catapora, o que é uma garantia para que a pessoa imunizada nunca desenvolva a doença. Contudo, completa o especialista, para aquelas pessoas que já tiveram catapora, é recomendada, a partir dos 60 anos, a vacinação contra o herpes-zóster. “Essa vacina recupera a imunidade deficitária da pessoa, que vai acontecendo com a idade. Ela volta a estimular os anticorpos contra o herpes, e a imunidade, mantendo-se elevada, mesmo na fase idosa, evita que esse vírus se reative”, explica.
O problema é que essa vacina ainda não é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pois seu custo é considerado alto (gira em torno de R$ 500 a dose). Dessa maneira, quem não tem condições financeiras de se vacinar deve diminuir o risco de complicações após os 50 anos. Por isso, é muito importante consultar um médico e iniciar o quanto antes os cuidados. Evidências científicas
mostram que o tratamento nas primeiras 72 horas reduz as complicações do herpes-zóster. Outros
avanços na prevenção e no tratamento da doença estão em fase de pesquisa, como o desenvolvimento de novas vacinas e procedimentos para a redução da dor crônica associada ao herpes-zóster.
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